Casa de Nossa Senhora d’Aurora

Quinta murada com cerca de 5,5 ha, dos quais 4 são de mata, na margem esquerda do rio Lima, no centro histórico da vila, ao lado da Casa da Garrida, atualmente um pólo da Universidade Fernando Pessoa.

A construção da casa, segundo traço atribuído a Manuel Pinto de Vila Lobos ou ao seu filho, do mesmo nome foi iniciada em 1714 e concluída em 1730, a mando de João de Sá Sottomaior, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Desembargador da Relação do Porto e de São Salvador da Baía, no Brasil. A capela dedicada a Nossa Senhora da Aurora, que deu o nome à casa, foi fundada em 1723 por João de Sá Sottomaior e sua mulher Maria Joana de Lima Barreto da Gama Pacheco, da Casa da Bouça, em Geraz do Lima. O 1º conde e 1º visconde de Aurora foi João Sá Coutinho Costa Sousa Macedo Sotomaior Barreto (1838-1888) que vem a ser o tio de José de Sá Coutinho, 3º Conde d'Aurora (1896-1969), escritor juiz, etnógrafo, homem viajado e com grande dedicação a Ponte de Lima e ao Minho. Na sua Casa d’ Aurora, a sua neta Rosário Aurora registou que o escritor recebia notáveis figuras da literatura portuguesa e brasileira como António Ferro, Ruben A., Sofia de Mello Breyner, Luís Forjaz Trigueiros, Sebastião da Gama, Gilberto Freyre, Jorge de Lima; Aurélio Buarque de Holanda ou Alceu Amoroso Lima. Também a mítica bailarina Margot Fonteyn passou por sua casa. João Sá Coutinho (1929-2012), seu filho e distinto embaixador, foi o último proprietário estando a Casa d’Aurora hoje na posse de seus filhos.

O acesso à casa é feito por pátio lateral que comunica com pátio agrícola e com o jardim assente em grande patamar voltado à rua, redesenhado em 1875, formal, de buxo, com canteiros preenchidos por azáleas e flores anuais, com gaiola de pássaros, mesas, bancos em zonas de sombra dadas por notáveis camélias, lagerstroemias e uma araucária bidwillii sobre um lago com golfinhos ao centro rodeado por bambu. Nesta zona existe um raro exemplar de árvore do papel. No topo do jardim, junto ao muro, uma fonte de espaldar a ladear a porta que conduz a zona de hortas e campos agrícolas com ramadas e dois gran-des tanques, um deles com inscrição latina. Junto à casa encontra-se uma fonte de espaldar imponente datada de 1612 com nicho de Nossa Senhora da Aurora e embrechados. Lateralmente ao jardim, a este, escadas de acesso dão para socalcos de pomar e constru-ções agrícolas. Cerejeiras, castanheiros e nogueiras preenchem atualmente estes socalcos. Por aqui, através de caminho coberto por ramada acede-se à extensa mata, de castanheiros, abetos, araucárias, falsos plátanos, azevinhos, loureiros, cedros, carvalhos americanos, cedros do Buçaco e austrálias. Vários caminhos de terra batida percorrem a mata, havendo um que a corta longitudinalmente, escavado, segundo a tradição usado para corridas de cavalos. Ao meio deste um cruzeiro com imagem de Cristo em granito. Num dos caminhos transversais encontra-se uma zona de fresco com painel de azulejos repre-sentando Nossa Senhora do Perpétuo Socorro.

Os campos da quinta ocupavam as aluviões do Lima e hoje deram lugar à EXPOLIMA e outros equipamentos públicos, podendo-se assim ter uma correta perceção da dimensão inicial da propriedade.

Imóvel de Interesse Público, Decreto nº129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977.

Inventário: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.

inserido na ROTA DO ALTO MINHO