Casa de Almeidinha

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Casa de Almeidinha

A aldeia de Almeidinha, a cerca de 20km a nascente de Viseu, fica rodeada de campos de pastoreio e ao atravessar as suas antigas ruas encontra-se o imponente solar de Almeidinha, com quinta fechada por altos muros, com cerca de 7 ha. Sobre o muro à face da rua e lateralmente à casa, ergue-se um terraço voltado à rua, bastante elevado permitindo recatadamente observar o que se passa na rua e funcionando também como mirante. Curiosamente surge-nos no meio deste terraço, um exemplar notável de magnólia, criando ampla zona de sombra.

O morgadio do Espírito Santo de Almeidinha foi instituído por Gaspar Pais do Amaral (n. c. 1540), 1º senhor do Morgado do Espírito Santo de Almeidinha, que aqui mandou construir a sua capela em 1590. O seu neto, Manuel Osório do Amaral (n. c.1634) terá remodelado a casa, sendo também desta altura os recintos ajardinados que a rodeiam (ARAÚJO, 1962). Na segunda metade do séc. XIX terão sofrido alterações pela mão do 1º Visconde de Almeidinha, João Carlos do Amaral Osório de Sousa Pizarro (1822-1890).

O acesso é feito por portal voltado à rua que liga a terreiro em terreno declivoso, para onde estão voltadas as fachadas principais da casa e capela, assim como antigas dependências agrícolas, usadas atualmente como salas para o turismo. Canteiros com lilases, camélias talhadas, agapantos e hidrângeas envolvem este espaço. Lateralmente à capela surge um portão que conduz à mata e para o lado oposto, a vários pátios que surgem junto à fachada posterior da casa, envolvidos por dependências da quinta, um deles, chamado de Pátio do Cavaleiros, e outro, lateral à casa, chamado de “Pátio das Acácias”, com tília, tuias e romãzeiras, possuindo no extremo este uma pequena fonte encaixada no muro ladeada por bancos e castanheiros da índia. Superiormente, separado o espaço por portão, começa uma alameda de falsos plátanos, encontrando-se a oeste, em quota mais baixa, extensos relvados e zona da piscina, com antigo pombal, e a este, em quota mais elevada um olival. A meio da alameda encontra-se uma pérgula de glicínia, disposta transversalmente, com mesa do lado esquerdo e fonte com zona de fresco, do lado direito. A alameda culmina num recinto para o jogo da bola com imponente fonte barroca, originalmente revestida a azulejos joaninos, que conduz a água para tanque com lavadouros, em quota mais baixa, decorado por alegretes e bancos. Do lado direito, em patamar mais elevado surge bosquete de exemplares notáveis de camélias, e do lado oposto, carreiras de buxo conduzem-nos às hortas e pomares de pereiras, pessegueiros e diospireiros, sempre enquadrados por sebes de buxo. Junto ao antigo jogo da bola, para este surge caminho que conduz à mata, passando por fonte antiga com alta pia servindo de tanque, com mina. A mata desenvolve-se em grande extensão, possuindo logo na entrada um exemplar notável de sequóia, envolvido por cedros, loureiros, carvalhos, eucaliptos, medronheiros, pinheiros sobreiros e freixos.

Hoje a casa é utilizada pela atual proprietária para a realização de eventos e brevemente começará a funcionar como alojamento turístico.

IIP - Imóvel de Interesse Público

Inventário: Joaquim Gonçalves – Junho de 2018

inserido na ROTA DO DÃO

Casa de Almeidinha

(Consultada em junho de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 211, 212, 218.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins com História: Poesia atrás de muros. [S.l.]: Edições Inapa, 2002. pp. 94-97.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. I.
SILVA, António Lambert Pereira da – Nobres Casas de Portugal. Porto : Livraria Tavares Martins, 1958. Vol. II. pp. 205-213.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2574

Largo da Roda, Almeidinha