Paço de São Cipriano
Norte | Guimarães
Paço de São Cipriano
Quinta com uma extensa área de cerca de 80 ha compreendendo matas, que inclui a chamada “Matinha”, “Mata dos carvalhos” e tapadas, campos, e jardim formal. As frondosas matas, assim como a sua extensão faz com que junto à casa sensivelmente a meio da propriedade não se perceba quão densamente é povoada a região circundante. Atualmente a grande propriedade resulta da junção das quintas de Lama, Levandeira, Carreira, Além, Figueira, Boavista e Pinheira, que todas elas possuíam caseiros.
Com origens no séc. XV cujas terras foram aforadas à Ordem de São Domingos foi em 1415 fundado o Paço de S. Cipriano, dedicado a São Cibrão. No séc. XVII foi feito o terreiro fronteiro à casa e no segundo quartel do século a seguir foram feitas ampliações significativas por Domingos José Gonçalves Cibrão. Foi por esta altura que foi igualmente fundada uma albergaria para acolher peregrinos de Santiago de Compostela, aliás ainda existe numa fachada uma inscrição alusiva a tal. Para a construção da capela dedicada a Santo António foi concedida em 1758 licença pelo Arcebispo Primaz D. Gaspar de Bragança, a mando de Domingos Cibrão. Em 1798, quando Domingos Cibrão morreu, sucedeu-lhe a sua filha D. Josefa Maria Gonçalves Cibrão, casada com o Dr. José da Costa Santiago. Um incêndio em 1825 destruiu parte da albergaria, cujas grossas paredes impediram o fogo de se alastrar ao resto da casa.
O último morgado da casa, Dinis da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, neto de D. Josefa Cibrão vendeu em 1898 o paço ao seu irmão, o advogado João da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, casado com D. Maria Carolina de Magalhães. Entre 1900 e 1901, foram feitas profundas remodelações na casa segundo projeto do Arquiteto Nicola Bigaglia (1841-1908), nomeadamente ao nível da planta da casa, torre e decoração. Também o jardim e a cerca sofreram grandes alterações, sendo parte do que hoje existe.
O acesso à casa é feito junto à igreja da freguesia, mandada fazer pela família do Paço de São Cipriano, através de portal que abre para caminho que atravessa zona de mata densa com pinheiros, cedros, azevinhos, loureiros e oliveiras. O acesso ao terreiro da casa é feito por portal, aparecendo junto ao mesmo o jardim formal dominado por topiárias geométricas de buxo, com um eixo central culminando num grande tanque recortado com espaldar com nicho com a Virgem, bicas carrancas e colunata. Lateralmente a este corredor encontram-se mais zonas formais de canteiros de buxo, alguns integralmente preenchidos por azáleas, com camélias, uma notável Cryptomeria japonica e rododendros. A nascente, junto ao muro que fecha o jardim encontra-se fonte de espaldar com leão a servir de bica e casa de fresco, conhecida como a “Casa da Manteiga” com vãos manuelinos, provavelmente vindos de outro local e reaproveitados aqui numa visão revivalista por João da Costa Santiago de Carvalho e Sousa, que aqui fez grandes intervenções e se considerava o último romântico português.
Atravessando a casa, na fachada posterior desenvolve-se pátio fechado com fonte de Neptuno, com porta de acesso aos antigos pomares e horta, hoje em dia com relvado, pontuado por algumas árvores, existindo ainda as capoeiras e dependência para animais. Atrás do jardim, por caminho que o contorno extramuros, passando pela capela, chega-se à “Matinha”, zona com carvalhos, magnólias, palmeiras das vassouras, loureiros e algumas espécies exóticas. Neste local existe um antigo campo de ténis.
À “Mata dos carvalhos” tem-se acesso por portão fronteiro à casa, sendo essencialmente composta, tal como diz o nome, por carvalhal, com alguns exemplares de azevinhos e gilbardeiras. A noroeste existe uma antiga casa de caseiro, um grande sequeiro e eira. Pela mata acima por entre caminhos ensombrados pelas densas copas das árvores chega-se no alto a grande lago sugerindo a forma de coração que retinha as águas vindas da mina para chegar à casa, fontes e rega do jardim. Por outros caminhos da mata passa-se junto ao local de uma antiga eira, e antigos túmulos, um deles escavados na rocha que atesta a presença antiga do povoamento do local.
Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, I Série, nº 226 de 29 setembro 1977.
Inventário: Joaquim Gonçalves – maio de 2019.
Paço de São Cipriano
(Consultada em maio de 2018)
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http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Norte
http://www.pacoscipriano.com