Jardim da Carreira
Norte | Vila Real
Jardim da Carreira
O Jardim da Carreira em Vila Real é um jardim público construído no século XIX. Conhecem-se várias designações para este jardim: Carreira Nova, Carreira de Cima, Passeio de São Francisco, Passeio Público e Jardim da Carreira.
A sua história está intimamente ligada ao convento de São Francisco construído entre 1572 e 1573 pois corresponde a uma parte da sua cerca. O convento foi uma das instituições religiosas mais importante da cidade, com igreja e biblioteca ricas tendo esta última sido incorporada na Biblioteca Pública Municipal de Vila Real. Tinha ainda dois dormitórios, uma hospedaria, diversas oficinas e uma enfermaria. Teve grande importância no ensino em Vila Real tendo, em 1779, aqui sido instituída uma escola régia de Primeiras Letras. Com a extinção das ordens religiosas, no edifício estiveram instalados diversos serviços públicos nomeadamente foi quartel do Regimento de Infantaria 13. Hoje apenas existe uma ala onde está instalada a GNR. Um incêndio em 1850 levou a que se fizessem obras. A igreja depois da extinção das ordens religiosas foi entregue à Ordem Terceira de São Francisco, instituída em 1670, foi poupada ao fogo e em 1955 foi posta à venda e posteriormente demolida. Esta Ordem foi também responsável pela construção da capela do Senhor Jesus do Calvário, em 1680, restaurada e ampliada em 1803, que se encontra num patamar acima do Jardim da Carreira.
Depois da extinção, a cerca foi arrendada e vendida em hasta pública em 1843. Na cerca, existia uma rua com cinco ermidas, matas e hortas. Em 1862, procedeu-se à construção do paredão da Carreira de Baixo, tendo o construtor de usar pedra da muralha da cidade e do arco da Vila Velha. Em 1872, António Correia de Almeida Lucena era presidente da Câmara e tomou várias medidas importantes sob o ponto de vista urbanístico para a cidade, ao ‘espírito’ fontista, e promoveu grandes alterações no Jardim Público, basicamente fechado durante a primeira metade do século XIX. Dotou-o de gradeamentos, bancos e de um guarda. Em 1891, por iniciativa do Presidente da Câmara Avelino Arlindo da Silva Patena, o projeto de renovação do jardim foi entregue a José Marques Loureiro, o célebre horticultor portuense, que introduziu um projeto ao gosto da época hoje de algum modo simplificado. Em 1890, a Carreira de Baixo passou a chamar-se avenida Municipal e nela foi construído o chamado Edifício Municipal. Mais tarde recebeu o nome de avenida Almeida Lucena que se mantem até aos dias de hoje. A Carreira de Baixo funcionou também como passeio público sendo arborizada e com bancos. Ainda hoje, nesta avenida encontra-se a fonte Joanina ali existente desde 1738-39, e que foi tendo diversos nomes: fonte da Carreira de Baixo, fonte de Nossa Senhora da Conceição, fonte do Campo ou fonte de Santo António da Carreira, construída em granito e com risco de Luís Manuel Álvares Coelho de Matos.
O jardim tem duas entradas sendo a principal através da rua do Calvário, acedendo-se por um portão em ferro e granito com a data inscrita de 1871. O jardim estrutura-se segundo um longo eixo sul-norte – a chamada avenida das Tílias, ladeadas por relvados com canteiros de plantas anuais. Ao centro da avenida encontra-se um lago circular antecedido pelo monumento a Camilo Castelo Branco ali colocado em 1925 por ocasião do centenário do seu nascimento e da autoria do escultor Anjos Teixeira, tendo em frente um coreto. A nascente, o paredão miradouro sobre a Carreira de Baixo/Avenida mantem os bancos corridos e a poente foram recentemente colocados brasões de famílias nobres. Ao fundo, encontra-se a chamada fonte da Carreira de Cima. Em 2003, o jardim sofreu várias obras que introduziram junto a esta fonte um parque infantil e um café e uma escada de acesso à Avenida Almeida Lucena.
Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2020
inserido na ROTA DO DOURO
Jardim da Carreira
(consultada em janeiro 2020)
GUIA de Portugal: Trás os Montes e Alto Douro, Lamego, Bragança e Miranda : Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. Vol. V-Tomo II
NEVES, Elísio Amaral e CABRAL, A.M. Pires - Vila Real, História ao Café : Grémio Literário Vila-Realense / Câmara Municipal de Vila Real, 2013 (2.ª Edição revista)
http://www.gremio.cm-vilareal.pt/images/publicacoes/historia_cafe_2.pdf
NOGUEIRA, Vítor - O Convento de São Francisco, in NEVES, Elísio Amaral e CABRAL, A.M. Pires Vila Real, História ao Café : Grémio Literário Vila-Realense / Câmara Municipal de Vila Real, 2013, pp. 247-249
http://www.gremio.cm-vilareal.pt/images/publicacoes/historia_cafe_2.pdf