Encosta do Castelo de Santa Maria da Feira

Norte | Santa Maria da Feira

Encosta do Castelo de Santa Maria da Feira

O conjunto monumental composto pela Encosta do Castelo de Santa Maria da Feira, classificado como Monumento Nacional em 1910, e pela extinta Cerca do Convento dos Loios, cujo edifício está classificado como Monumento de Interesse Público desde 2012, situa-se na União de freguesias de Santa Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo, no limite sul do centro histórico da Feira. Ocupa uma área com cerca de 18 hectares, culminando a, sensivelmente, 180 metros de altitude, onde se implanta o castelo.

Em meados do século IX, Afonso III de Leão cria a região administrativa e militar a que dá o nome de “Terra de Santa Maria” e a sua chefia é entregue a uma fortaleza militar aí existente, a Civitas Sanctae Mariae. Esta, que à data não seria mais do que um pequeno fortim quadrangular com torreões, teria sido erigida no local de um templo pré-romano sendo ampliada durante a reconquista cristã da Península Ibérica.

Em 1448, o rei D. Afonso V entrega o castelo a Fernão Pereira que, a mando do rei, o faz restaurar, transformando-o numa residência apalaçada. Em 1472, D. Afonso V nomeia o filho de Fernão Pereira, Rui Vaz Pereira, 1º conde da Feira, senhor do Castelo e da Terra de Santa Maria. Até ao final do século XV, o castelo seria ainda alvo de grandes remodelações de cariz militar e defensivo, que lhe dariam, essencialmente, a imagem arquitetónica que apresenta atualmente.

No século XVII, o paço senhorial é substituído por uma nova construção e, em 1656, adossado à barbacã, é edificado um conjunto constituído por uma capela hexagonal e casa do capelão. Em 1700 morre sem descendência o último conde da Feira, passando, em 1708, a propriedade do castelo para a Casa do Infantado. Em 1722, deflagra no castelo um violento incêndio que assinalaria o início do seu longo declínio e ruína. A reconstrução é iniciada em 1887 pelo município, mas só em 1909 teriam início grandes obras de reconstrução, após a visita do rei D. Manuel II no ano anterior, e com a criação de uma Comissão de Proteção e de Conservação do Castelo.

O Convento dos Loios é fundado em 1558 por D. Diogo Forjaz Pereira, 4º conde da Feira, e sua esposa, D. Ana de Meneses, e viria a ser ocupado pelos Cónegos Seculares de São João Evangelista, também conhecidos por Loios ou Cónegos Azuis. Após a extinção das Ordens religiosas em 1834, passa a ser propriedade da Câmara Municipal, que nele instala repartições administrativas. Em 2009, é inaugurado o Museu do Convento dos Loios, depois de profundas obras de remodelação e adaptação a museu municipal. O conjunto edificado inclui a igreja — matriz da Feira —, o edifício conventual com claustro de dois pisos, ajardinado e com chafariz de taça quadrilobada ao centro, e uma escadaria monumental na frente da igreja.

Fazendo a ligação entre o convento, no sopé, e o castelo, no topo da colina, encontra-se a alameda Dr. Roberto Vaz Oliveira, ladeada por frondosos castanheiros-da-Índia, verdadeira espinha dorsal para os jardins municipais que se desenvolvem em ambos lados. O lado nascente fazia parte, no início do século XX, da vizinha Quinta do Castelo, que seria então alvo de extensos melhoramentos, de acordo com o projeto da Companhia Horticolo-Agrícola do Porto, do qual se conhece uma planta publicada em 1914 no catálogo da Companhia. O bosquete de imponentes tílias e faias que hoje se podem observar no local, fariam, muito provavelmente, parte dessa intervenção paisagística.

O lado poente, de intervenção mais recente, possivelmente de meados da década de 1940 ou início da de 1950, caracteriza-se por um conjunto de canteiros relvados, pontuado maioritariamente por camélias e rematado, no topo, por um lago emoldurado por frondosa mata, cruzada por escadas, caminhos e diversos espaços de estadia. Uma escadaria a poente deste jardim faz a ligação ao Rossio e aos seus alinhamentos de notáveis velhos plátanos.

Continuando para poente do Rossio encontra-se uma ampla clareira, atravessada pelo rio Cáster, enquadrada a sul pela encosta do castelo, coberta pela Mata das Guimbras. Nesta densa mancha arborizada podem encontrar-se diversas espécies arbóreas e arbustivas, designadamente: sobreiros, carvalhos-alvarinho, medronheiros, aveleiras, azereiros, ulmeiros, lódãos, palmeira-de-leque-do-México, freixos, bordos, eucaliptos e pinheiros de várias espécies. Coroando a colina encontra-se um gracioso cedro-do-Líbano, “guardião do castelo”.

Estes espaços são palco de diversas atividades, destacando-se a Festa das Fogaceiras, a festa mais emblemática do concelho, que se realiza anualmente a 20 de janeiro, o Imaginarius – Festival Internacional de Teatro de Rua e a Viagem Medieval em Terra de Santa Maria.

MN – Monumento Nacional, Decreto nº 136, DG, de 23 junho 1910.

MIP – Monumento de Interesse Público, Portaria nº 718/2012, DR, 2ª série, nº 237, de 7 dezembro 2012.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – maio de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO

Encosta do Castelo de Santa Maria da Feira

(Consultada em maio de 2020)
BOLETIM da Direcção Geral dos edificios e Monumentos Nacionais – Castelo da Feira. Lisboa: Ministério das Obras Públicas e Comunicações, Vol. 37-38, Setembro-Dezembro, 1944.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1040
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2252
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/70478
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/5035987
http://www.castelodafeira.com/
http://maquina1.portodigital.pt/sitios-amp/sitio/31/

Alameda Roberto Vaz de Oliveira, Santa Maria da Feira