Quinta do Castelo

Norte | Santa Maria da Feira

Quinta do Castelo

A Quinta do Castelo localiza-se na União das freguesias de Santa Maria da Feira, Travanca, Sanfins e Espargo, em Santa Maria da Feira, na encosta nascente do seu castelo, classificado como Monumento Nacional desde 1910. A curta distância, no sopé da encosta norte do castelo, localiza-se o Convento dos Loios, Monumento de Interesse Público desde 2012. A quinta compreende uma área com cerca de 12 hectares, dos quais aproximadamente 4 se encontram atualmente acessíveis ao público.

A primeira referência documental conhecida à Quinta do Castelo é feita na descrição da cerca do Convento dos Loios, constante do Livro e memorial da fazenda deste convento [do Espírito Santo de Vila da Feira], escrito na sua maior parte por Jorge de S. Paulo entre 1636 e 1638, onde se refere a existência de uma porta que “dava acesso à «Quinta do Castelo», (…) da qual vinha a água para o claustro”. De data de fundação desconhecida, sabe-se que em 1755 terá sido incorporada no casal de “Trás do Castelo”, propriedade de António José Saraiva Castelo Branco e, em 1854, pertenceria a José Joaquim da Silva Pereira.

No início do século XX a propriedade, então nas mãos da família Brandão — que seriam os seus últimos proprietários privados —, seria alvo de extensos melhoramentos, de acordo com o projeto encomendado por Alexandre Brandão à Companhia Horticolo-Agrícola do Porto, do qual se conhece uma planta publicada em 1914 no catálogo da Companhia.

Alexandre Brandão e a sua mulher, Angelina de Matos Brandão, não viriam a ter filhos pelo que a propriedade seria herdada pelos seus sobrinhos que, em 1961, a vendem ao Estado Português, especificamente à Federação das Caixas de Previdência — Obras Sociais, com o objetivo de aí se instalar uma colónia de férias. Esta viria a funcionar, durante o verão, na antiga casa da quinta até 1974 e, posteriormente, durante todo o ano sendo a mesma casa convertida em Jardim de Infância. Nos anos seguintes o antigo pomar das macieiras daria lugar às instalações do Inatel e a sede dos Escuteiros seria construída no limite norte da propriedade, junto ao cemitério.

A quinta permanecerá durante vários anos com acesso restrito ao público em geral, até que, em 2013, a gestão da propriedade passa para a autarquia Feirense que, em 2016, dá início ao Projeto de Requalificação da Quinta do Castelo da Feira, coordenado pelo Atelier do Beco da Bela Vista. A 6 de julho de 2019 a quinta é reaberta ao público.

Entrando na quinta pelo “Portão do Castelo”, o caminho segue em alameda ladeada por frondosos plátanos até à antiga casa da quinta e junto à qual se podem admirar dois elementos arbóreos notáveis: uma tuia-gigante e um bordo-do-Japão. Seguindo pelo caminho da entrada, encontra-se uma rede de percursos que se desenvolve ao longo da encosta, pontuada por espaços de estadia, e permitindo a obtenção de admiráveis panorâmicas sobre as torres do castelo.

No centro do jardim, ocupando uma posição de destaque, encontra-se o conjunto formado pela grandiosa gruta de dois andares, encaixada na encosta, e cujas formas se espelham nas águas do lago, com contornos de formas naturalizadas, que se desenvolve a seus pés. A este conjunto junta-se ainda, sobre o lago, uma alta ponte com guardas em betão a imitar troncos de árvores. Outros elementos, com o mesmo tratamento decorativo, podem ser encontrados na envolvente do lago, nomeadamente na margem poente, numa armação em torno de uma zona de estadia e, a nascente, na guarda do miradouro do “pinheiro dos namorados”, um imponente pinheiro-manso a partir do qual se obtêm amplas vistas sobre a quinta e o castelo.

Duas clareiras enquadram este núcleo central da quinta; a grande clareira dos anfiteatros, a norte, e a das aveleiras, de menor dimensão, a nascente. Nesta segunda clareira, tal como o nome indica, encontra-se uma notável coleção de aveleiras que serão remanescentes das plantações efetuadas nos primeiros anos do século XX. Dessa época podem encontrar-se muitos outros elementos arbóreos e arbustivos, de porte monumental, um pouco por toda a quinta, dos quais se destacam os grupos e alinhamentos de tulipeiros-da-Virgínia, liquidâmbares, sequoias-sempre-verdes e faias-de-folha-vermelha, bem como exemplares de metrosídero-robusto, tília, cedro-branco, diversas espécies de carvalhos e de coníferas, butiá, camélia, azálea e rododendro.

No limite norte da propriedade, entre o lago e a clareira das aveleiras, encontra-se o antigo “Portão da Cerca”, ou “Portão da Cruz”, anteriormente localizado na entrada junto ao castelo, e que aí foi reposicionado durante o projeto de recuperação da quinta, numa localização aproximada à que ocuparia originalmente.

Inventário: Matilde Cerqueira Gomes, João Almeida e Teresa Portela Marques – maio de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO

Quinta do Castelo

(Consultada maio de 2020)
REQUALIFICAÇÃO da Quinta do Castelo da Feira, Santa Maria da Feira. Porto: Atelier do Beco da Bela Vista, 2017.
TAVARES, Pedro Vilas Boas. Espiritualidade e disposições perante a morte em Santa Maria da Feira: Capelas, legados e bens d’alma na matriz de S. Nicolau durante o Antigo Regime. Via Spiritus: Revista de História da Espiritualidade e do Sentimento Religioso. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Vol. 15, pp. 195-248, 2008.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=26281
http://maquina1.portodigital.pt/sitios-amp/sitio/31/
https://ler.letras.up.pt/site/default.aspx?qry=id04id1146id2314&sum=sim

Alameda Roberto Vaz de Oliveira, Santa Maria da Feira