12 Rota dos Açores

Descrição

A Rota dos Jardins Históricos dos Açores distingue-se das demais pela situação geográfica das ilhas. A descontinuidade geográfica das suas nove parcelas insulares agrupadas segundo a proximidade (grupos ocidental, central e oriental), atingindo um afastamento máximo de 640 km (distância de Santa Maria ao Corvo), e alinhadas segundo uma orientação geral de WNW-ESSE, devido à geodinâmica desta região do Atlântico, configura uma inserção territorial muito particular. Situados entre os 36º e os 39º de latitude norte e os 24º e 31º de longitude oeste, os Açores encontram-se à mesma latitude o mar Mediterrânio. Em termos biogeográficos, porém, estão muito longe do Mediterrânio, ocupando uma posição excêntrica da região Macaronésia (composta pelos arquipélagos de Cabo Verde, Canárias, Madeira e Açores e uma parcela da costa africana do Senegal), sendo o arquipélago mais a norte e o mais afastado das costas continentais.

Estas condicionantes determinam os padrões climáticos vigentes, os aspetos geomorfológicos, as dinâmicas da ecologia insular bem como os modelos de povoamento de ocupação do território, encetados a partir dos séculos XV. Enquanto centro nevrálgico nas rotas de torna-viagem que ligaram mares e continentes distantes dos antigos impérios ibéricos, os Açores desempenharam um papel fundamental na aclimatização de espécies oriundas de áfrica, américa do Sul e do sudeste asiático, algumas ainda hoje cultivadas para consumo das populações locais.

A vocação para a aclimatação botânica, favorecida pelo seu clima temperado marítimo (mesotérmico húmido), com temperaturas médias anuais que rondam os 17° C e precipitação acumulada em torno dos 1000 mm, bem como a presença de solos ácidos e férteis resultantes da transformação dos materiais expelidos pelas diferentes tipologias de erupções vulcânicas, acentuou-se sobremaneira com a moda do colecionismo botânico que varreu a Europa a partir da segunda metade de setecentos.

É nesse contexto que vamos encontrar os luxuriantes jardins de aclimatação botânica que circundam a cidade de Ponta Delgada e o Vale das Furnas, na ilha de São Miguel, o jardim público de Angra e da Horta e as mais recentes Reservas Florestais de Recreio. Pela mão de um punhado de gentlemen farmers micaelenses e de alguns arquitectos, head gardeners e plantsmen ingleses, franceses e belgas, milhares de plantas ornamentais dos cinco continentes vieram povoar os jardins açorianos ao longo da segunda metade do século XIX, operando uma verdadeira transformação da paisagem insular.