Jardim do Castelo de Tavira

O Jardim do Castelo de Tavira localiza-se no Largo Abu-Otmane, na União das Freguesias de Tavira (Santa Maria Maior e Santiago), no Sotavento Algarvio. O jardim tem uma área de aproximadamente 1100 m², a uma altitude de 19 m, com vista panorâmica para a foz do rio Gilão, ria Formosa e centro histórico, sendo lugar de relevante porto marítimo desde a Antiguidade.

O Jardim encontra-se rodeado pelas Muralhas do Castelo de Tavira, no centro da malha urbana. As Muralhas do Castelo de Tavira são um relevante exemplo arquitetura militar, tendo sido classificadas, em 1939, como Monumento Nacional (MN). O castelo é propriedade municipal, sendo as Muralhas propriedade do Estado. Atualmente o jardim tem um funções culturais e recreativas.

No período Neolítico, foi construída a primeira fortaleza que consistia num Castro. No século XI a.C. quando o povoado atingiu uma certa dimensão, os Árabes da Andaluzia cercaram-no pela muralha, parte desta, ainda hoje existente. No final do século XIII, deu-se a reconstrução do castelo, a adaptação das muralhas e procedeu-se ainda a abertura de sete portas. No século XIV, o espaço serviu para alojamento das forças militares e de masmorra. Durante os séculos XV e XVI, essas masmorras passaram a ser residência dos Alcaides-mor, dando origem ao surgimento de palácios nesse local. Mais tarde, no século XVII, ocorreram obras de modernização do castelo e da muralha, para os adaptar à artilharia, devido à guerra com Espanha. Quando a guerra terminou, esta zona perdeu a função de defesa, tendo mesmo sido abandonado. No século XVIII, no ano de 1755, o grande terramoto destruiu grande parte da antiga muralha. No final desse século, o castelo transforma-se em cemitério e assim permaneceu durante cerca de 50 anos. No século XIX, o cemitério foi transferido para outro local e o castelo foi novamente abandonado. Pouco tempo depois, o local foi aforado por um médico, que o transformou em horta, onde eram plantadas favas, ameixeiras e outras espécies hortícolas. Somente no século XX, o presidente da Câmara da época, Isidoro Pires, compra o castelo, tornando-o público e ordena a construção de um jardim com miradouro, semelhante ao que ainda existe atualmente.

O jardim tem uma forma quase quadrangular, limitada pela muralha. Possui escadas que levam aos miradouros. A noroeste, encontra-se o acesso principal, uma das sete portas do Castelo. Uma rede de caminhos estreitos, em gravilha, com traçado geométrico estabelecem o sistema de circulação do jardim.

No interior do jardim, podemos observar um conjunto de canteiros de traçado geométrico, com latadas no caminho principal. A vegetação de porte arbóreo consiste em: dombeias (Dombeya rotundifolia), figueiras (Ficus carica), árvores-da-borracha (Ficus elastica), jacarandás (Jacaranda mimosifolia), entre outras. Também se encontram espécies de vegetação de porte arbustivo, como: agaves (Agave americana), hibiscos (Hibiscus rosa-sinensis), loendros (Nerium oleander), lantana (Lantana camara), e ainda vegetação de porte herbáceo como: aster (Aster tripolium) e santolina (Santolina chamaecyparissus). Nalgumas partes da muralha está presente a trepadeira buganvília (Bougainvillea sp.).

Monumento Nacional (MN), Decreto n.º 29 604, DG, 1.ª série, n.º 112 de 16 maio 1939 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 31 de 06 fevereiro 1960.

Inventário: Isabelle Caroline de Freitas, Mariana Filipa Guerreiro e Rita Nascimento Dias – maio de 2021.

Revisão: Sónia Talhé Azambuja

Nota: Ficha de inventário elaborada pelas alunas Isabelle Caroline de Freitas, Mariana Filipa Guerreiro e Rita Nascimento Dias, sob orientação da Professora Sónia Talhé Azambuja, no âmbito da unidade curricular de História da Arte dos Jardins II da Licenciatura em Arquitetura Paisagista (1.º Ciclo), da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve (FCT/UAlg).