Casa da Gandarela

Norte | Celorico de Basto

Casa da Gandarela

Quinta localizada no centro da Vila da Gandarela, com cerca de 4ha, rodeada pelos montes da Serra da Lameira. Terá sido construída no séc. XVII / XVIII, sendo o seu um dos seus primeiros proprietários Francisco Alves de Araújo, capitão-mor de Celorico de Basto. Possui um jardim formal de carácter único, do início do séc. XX. O desenho original deste jardim é da autoria do pai da actual proprietária, Paulo da Cunha Mourão Carvalho Sotto Mayor. Joaquim Alves Soarestrabalhou neste jardim e pertenceu à geração dos jardineiros de Basto, da escola formada pelas irmãs Pinto Basto, que criou as topiárias de fantásticas “criaturas verdes”, usando camélias, cedros e teixos. A quinta de recreio encontra-se na entrada da Vila da Gandarela, junto à estrada que terá sido sobreposta a uma antiga via romana. A serra pedregosa da Lameira domina a paisagem, tendo ao fundo, já longínquo, o Monte da Senhora da Graça.

A casa com pedra de armas e capela terá sido construída ainda no séc. XVII e profundamente remodelada no séc. XVIII. No séc. XIX a casa foi vendida a Jerónimo Pacheco de Campos Pereira Leite, encontrando-se atualmente na posse dos seus descendentes.

Precedendo a fachada principal, encontra-se o imponente jardim formal. Acede-se por um portão com urnas de ferro, que nos conduz a um terreiro com árvores centenárias, desenvolvendo-se o jardim logo a seguir a uma sebe talhada de camélias topiadas com pequenas janelas em arco. Daqui sai um eixo central que converge num lago circular com ‘putto’, ladeado por caminhos serpenteantes por entre canteiros delimitados por buxo talhado, marcados pelo número e pela dimensão em altura de muitas topiárias, umas geométricas, outras em espiral e arcos e outras com figuras estilizadas.
Pelo jardim surgem-nos zonas de estar com bancos e no muro que limita o jardim a sul encontra-se um oratório de granito revestido a hera com imagem de Nossa Senhora da Conceição. Em cima deste muro surgem quatro bustos de cariz barroco, representando as quatro estações do ano e, um conjunto de pirâmides em granito.O jardim frontal está ligado ao terreiro da entrada poente por um caminho entre o lado da casa e o muro de delimitação da propriedade. Uma vez chegados ao pátio encontramos uma pequena capela e algumas estruturas agrícolas. Este pátio tem a poente um muro com um enorme portal. A passagem da autoestrada, obrigou à construção de um túnel para prejudicar minimamente a quinta. 

Por este terreiro acede-se aos terrenos agrícolas da quinta, que se estendem em quota superior à casa e ao jardim, sendo percorridos junto a este por camélias e latadas de vinha. Aqui situa-se os pomares, horta e vinha, culminando no extremo, junto à casa num grande tanque. Fruto de uma intervenção recente surge-nos junto a este local a piscina e várias zonas de estar com sombra.

Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.

Casa da Gandarela

(Consultada em abril de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962.
ARAÚJO, Ilídio de - Arte da Jardinagem nas Terras de Basto. In Comunicação lida na "tertúlia" inserida na V Festa Internacional das Camélias. Celorico de Basto : 6 de março de 2008.
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. p. 143.
CARVALHO, António Alves de – Concelho de Celorico de Basto. [S.l.] : [s.n.], 1989. p.120-121.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins com História: Poesia atrás de muros. [S.l.]: Edições Inapa, 2002. pp. 76-79.
STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.] : Civilização Editora, 2000. pp. 154-157.
GUIA de Portugal: Entre Douro e Minho. [S.l.] : Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. Vol. 4. p. 1301-1302.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=22892
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=75

Gandarela de Basto, EN 206