Paço de Giela
Norte | Arcos de Valdevez
Paço de Giela
O Paço de Giela, em parte em ruínas, ergue-se numa elevação sobranceira à vila de Arcos de Valdevez, na margem esquerda do rio Vez, com vistas amplas sobre a paisagem do vale rio Vez. A propriedade, hoje em dia espaço público camarário, em terrenos que foram alvo, tal como o paço, de um projeto de recuperação com abertura ao público em 2015. A torre integra um espaço musealizado, dedicado à arqueologia a à ocupação humana no concelho, bem como ao “Recontro de Valdevez”, em 1141, que opôs D. Afonso Henriques ao seu primo Afonso VII de Leão e Castela, um momento decisivo para a formação de Portugal.
D. João I confiscou a torre e a honra e foi feita mercê ao fidalgo de origem galega Fernão Anes de Lima pelo seu apoio na guerra contra Castela, em particular na conquista de Tuy. O seu filho herdeiro D. Leonel de Lima continuou a obra de construção do paço, construindo um outro na vila, sendo agraciado em 1476 por D. Afonso V com o título de Visconde de Vila Nova de Cerveira, tornando-se o mais antigo título de visconde em Portugal. Em 1662 a artilharia portuguesa causou sérios danos na torre ao expulsar o exército espanhol. Durante os séculos XVII e XVIII são feitas várias alterações na parte habitacional. Em 1868, D. José Maria Xavier de Lima Vasconcelos Brito Nogueira Teles da Silva, 16º Visconde de Vila Nova de Cerveira, estando o paço arruinado, vendeu-o a Narciso Marçal Durães de Faria, sobrinho do Visconde de Porto Covo, sendo usado a partir daí como casa de caseiros. Após passar por vários proprietários privados, em 1999 o paço foi comprado pela Câmara Municipal dos Arcos de Valdevez, sendo objeto de um projeto de requalificação e reabilitação do paço sendo as antigas casas de caseiro reservadas para espaço de receção.
Acede-se a partir da EN 202 por uma rampa e o Paço da Giela poisa num local altaneiro com vista sobre os Arcos e o vale do Vez. O Paço de Giela é um dos melhores exemplos de casa nobre do final da Idade Média, segundo Carlos Azevedo, inserido na chamada “casa-torre”. Da torre primitiva, de meados do séc. XIV, erguida pela família Giela, quase nada resta, pois, os materiais usados na altura eram perecíveis, nomeadamente a madeira. O que hoje subsiste é provavelmente da época do final do séc. XIV, XV e XVI, tendo sido concluída em 1573. A área envolvente é constituída por espaços relvados onde entre outras pontuam oliveiras, castanheiros e carvalhos americanos. Hoje integra um parque com uma área de 22 hectares, com percursos pedonais, e um conjunto de socalcos nas encostas do pequeno outeiro. A capela de Santa Apolónia do século XVII foi igualmente restaurada. Próximo do centro da vila dos Arcos de Valdevez, na margem esquerda do rio Vez subsiste a Quinta da Coutada, uma propriedade privada com uma extensa área arborizada destinada primitivamente à caça dos Senhores de Giela.
Monumento Nacional, 1910.
Inventário: Joaquim Gonçalves - setembro de 2018.
Paço de Giela
(Consultada em setembro de 2018)
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. pp. 27, 28, 29, 80, 144.
SILVA, António Lambert Pereira da – Nobres Casas de Portugal. Porto : Livraria Tava-res Martins, 1958. Vol. II. p. 233.
STOOP, Anne de; MAYOR, João Paulo Sotto (fotografia) – Arquitetura Senhorial do Minho. [S.l.] : Caminhos Romanos, 2015. pp. 212 - 215.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3605 https://www.cmav.pt/pages/1946?poi_id=651