Torre de Lanhelas

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Torre de Lanhelas

A quinta da Torre de Lanhelas encontra-se na margem esquerda do rio Minho, com uma área de cerca de 10 ha, com um dos braços do rio a entrar pela propriedade. Atualmente a quinta encontra-se amputada pelo caminho-de-ferro e pela estrada nacional, que a separaram o portal original e a capela de Santo António, obrigando a criar uma nova entrada, ocultada por sebe de cedros e fazendo o acesso por meio de túnel sob a linha de caminho-de-ferro.

De origem bastante antiga, as terras de Lanhelas foram honra da família Bacelar, cabendo em partilhas no final do séc. XV a Gil Vasques Bacelar que, segundo alguns autores, terá estabelecido residência no lugar, aproveitando uma torre mais antiga e construindo uma outra, mais alta, ligada a outra mais baixa, junto ao rio, por corpo intermédio, segundo tipologia da época. Segundo Carlos Azevedo foi o filho Afonso Vaz Bacelar que construiu a torre alta em 1531 e mais tarde a outra torre junto ao rio. Em 1550 foi estabelecido o vínculo da capela por Frei António de Sá, Abade comendatário dos Mosteiros de Tibães, São João de Arnóia e Santa Maria do Carvoeiro. Depois da sua morte, o senhorio foi herdado pela filha D. Margarida de Barros Bacelar, casada com Rui de Sá Sottomayor que, sendo amigo D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1514-1590), o célebre arcebispo de Braga, aqui o recebia e que, segundo a tradição, terá plantado um laranjal no espaço da quinta, junto ao rio. A casa-torre só viria a ter o aspeto que hoje apresenta em 1831, altura em que Camilo António de Sá Sottomayor fez a terceira torre mais baixa.

O jardim tem tido muitas intervenções ao longo do séc. XX, em parte devido à amputação que a quinta sofreu. A entrada principal faz-se por portão voltado à estrada nacional, com caminho ladeado por liquidâmbares, passando-se por túnel e chegando a zona de jardim com bosquete com tílias e carvalhos americanos, com amplas zonas de sombra sobre mesas e bancos, junto ao braço do rio Minho que penetra na propriedade. Um lago artificial com ponte de madeira dá acesso a portal aberto em muro com merlões, um revivalismo medieval, chegando-se a zona com parque de estacionamento, relvados com laranjeiras, oliveiras e ramadas. Fronteiro à casa encontra-se um jardim formal de buxo, com roseiral, ladeado por carreiras formadas por camélias e buxo.

Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 45/93, DR, 1.ª série, n.º 280 de 30 novembro 1993.

Inventário: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.

Torre de Lanhelas

(Consultada em outubro de 2018)
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. pp. 30, 150.
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 55-60, 105, 106.
GUIA de Portugal: Entre Douro e Minho. II - Minho [S.l.] : Fundação Calouste Gul-benkian, 1996. Vol. 4. pp. 1063 -1065.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. I.
SILVA, António Lambert Pereira da – Nobres Casas de Portugal. Porto : Livraria Tava-res Martins, 1958. Vol. I. p. 61.
STOOP, Anne de; MAYOR, João Paulo Sotto (fotografia) – Arquitetura Senhorial do Minho. [S.l.] : Caminhos Romanos, 2015. pp. 254 - 257.
RAMOS, Maria Manuel Branco – Casa da Torre de Lanhelas – Análise espacial retros-petiva e estudo tipo-morfológico. Dissertação de mestrado. Universidade do Minho, Escola de Arquitetura. outubro de 2017.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3615

EN 13, Lanhelas