Convento de São João de Cabanas / Quinta de Cabanas

Quinta com cerca de 10 ha, que incluí antigo mosteiro beneditino, jardim, e frondosas matas, que pertenceu ao escritor Pedro Homem de Mello (1904-1984), poeta, professor e folclorista, Cabanas era a sua terra de adoção, descrevendo-o como local paradisíaco onde escreveu parte da sua obra, "cantando" os costumes e as tradições de Afife e da Serra de Arga.

Segundo a tradição havia no local uma ermida com algumas cabanas, covas ou grutas onde viviam os frades e terão sido essas “cabanas” que deram o nome ao convento. De fundação muito antiga o mosteiro beneditino foi edificado em 570 por S. Martinho de Dume, segundo Pinho Leal. Terá sido destruído em 746 pelos árabes e depois reedifica-do. Em 1177, teve carta de couto dada por D. Sancho I. Em 1382, encontrando-se na posse de comendatários, passou para a Congregação de São Bento, embora a tomada de posse para efeitos de reforma disciplinar de 1569. Esta integração foi contestada pelo facto do rei D. Manuel ter anteriormente obtido de Roma a transformação do mosteiro em comenda da Ordem de Cristo o que impediu a Congregação de repovoar o mosteiro até 1613. Teve profundas obras no séc. XVII, XVIII e XIX, neste último século obras provavelmente após a venda depois da extinção das Ordens Religiosas, em 1834. Por ocasião da extinção tinha apenas um abade e dois monges. A cerca era murada e tinha terras de cultivo, mata de pinheiros e carvalhos, devesa e árvores de fruto. A propriedade foi vendida ao General Luís do Rego, Visconde do Geraz do Lima. Em 1897 foi vendido ao Conselheiro Dr. Adolfo da Cunha Pimentel Homem de Vasconcelos, antigo Governador Civil do Porto, que lhe fez grandes obras.

O acesso é feito junto aos antigos muros da cerca, passando por ponte sobre o ribeiro de Cabanas que atravessa a propriedade. Junto à entrada encontra-se um cruzeiro e azenhas. Separada da propriedade principal, encontra-se outra mata de eucaliptos, carvalhos e austrálias, para norte, com portão assinalando “Quinta de Cabanas”. Junto ao convento passa o caminho de Santiago. Junto ao portal de entrada no pátio da casa, lápides alusivas ao escritor e a uma notável magnólia que se encontra no local. Outro portal junto à igreja dá acesso a pátio com camélias. Intramuros o convento é cercado por mata de cedros, carvalhos e austrálias, com jardim de construção recente desenvolvido atrás, a este, com grande relvado enquadrado por azáleas, camélias, loureiros e magnólias culminando em laranjal e campos agrícolas, apenas rodeados por ramadas de vinha. O terreno é dis-posto em socalcos. O acesso ao ribeiro que atravessa a quinta é feito por escadas que levam a estreito paredão que o percorre parcialmente.

Nota tendo por base visita exterior à propriedade e fontes bibliográficas: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.