Convento de Santa Marinha da Costa

Norte | Guimarães

Convento de Santa Marinha da Costa

Cerca conventual no lugar da Costa, desenvolvida a nascente do grande complexo monacal de Santa Marinha, com uma área de cerca de 13 ha, em encosta, no monte da Penha, Serra de Santa Catarina. As origens do local remontam à época romana onde existiu uma construção de carácter agrícola. No séc. VI/VII já existia um templo suevo-visigótico, no local do atual claustro. Em 872 foi reconstruído o templo. No segundo quartel do séc. X ali esteve a sede do Condado Portucalense, devendo-se a construção de um grande edifício aos Condes Mumadona Dias e Hermenegildo Gonçalves. Em 1139, segundo alguns autores, foi entregue aos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, provavelmente fundado por D. Mafalda de Sabóia. Séculos mais tarde, em 1528, foi doado à Ordem de São Jerónimo, sendo ampliado o edifício. Entre 1722 e 1725, Frei António Machado mandou murar uma horta chamada de “quinchoso”. Em 1733/1736 Frei Crispim da Conceição levantou os muros da horta e rodeia de ramadas, repartindo-a com caminhos ladeados por buxo e no meio um chafariz. Durante o triénio do prior Frei Alexandre do Espírito Santo foi construído o tanque redondo no alto da cerca, além de uma capela acima deste, no último patamar para albergar a imagem de Santo Cristo. O escadório que vem ligar este tanque ao jardim atrás do convento foi feito entre 1745 e 1748. Na segunda metade do séc. XVIII a horta sofreu modificações, sendo possível que se tenha criado o jardim formal junto à grande varanda que remata o corpo do mosteiro, onde existe também uma fonte.

A extinção das ordens religiosas dotou-o de novo destino passando para mãos particulares, inicialmente pertencente ao José Ferreira Pinto Basto, fundador da Vista Alegre, chegou a ser residência e seminário, primeiro da Companhia de Jesus, depois do violento incêndio que o destruiu em grande parte, em 1951, e o Seminário do Verbo Divino, na ala não afetada pelo incêndio. Em 1911, António Leite de Castro Sampaio de Vaz Vieira tornou-se único proprietário, sendo feitos alguns trabalhos na cerca até 1920, datando dessa altura o labirinto de buxo da autoria de Jacintho de Mattos e courts de ténis. O lago e a gruta também serão dessa época. Em 1877/1978 o mosteiro é intervencionado pelos arquitetos Fernando Távora e Bernardo Ferrão e a cerca pelo arquiteto paisagista Ilídio de Araújo, dando lugar a uma pousada, hoje em dia uma das Pousadas de Portugal, dirigida inicialmente pela ENATUR, explorada desde 2003, GPP - Grupo Pestana Pousadas.

O acesso à igreja é feito por escadório, desenvolvendo-se lateralmente o corpo do mosteiro. Acede-se à cerca através da porta principal do mosteiro, passando-se pelo claustro com fonte central e canteiros de buxo com relvados. No primeiro grande patamar que acompanha toda a fachada posterior do convento encontra-se grande jardim formal, de planta oval, com canteiros de buxo, azáleas e camélias. Junto à varanda sul, no topo do convento, em patamar mais baixo existe outro jardim formal, muito pequeno com canteiros de buxo. Deste lugar, sobre grandes afloramentos graníticos avista-se Guimarães, assim como o que resta da grande quinta do mosteiro, hoje em dia em parte desaparecida, restando alguns socalcos com laranjal, vinha e horta. Grande parte dos terrenos da quinta deu lugar ao novo edifício para a pousada, para as piscinas, court e ténis e campo de futebol. Ainda neste patamar, mas do lado oposto encontra-se um lago com gruta ladeado por notáveis tulipeiros da Virgínia. No patamar seguinte começa um escadório que culmina num tanque circular rodeado por bancos, com exemplar notável de teixo junto a este, que se junta a notáveis eucaliptos. Por escada acede-se a patamar superior, onde se situaria a capela de Santo Cristo. As espécies da mata que envolve esta zona são muito variadas nomeadamente castanheiros da índia, carvalhos, carvalhos americanos, camélias, loureiros, azevinhos, teixos, tuias, rododendros, medronheiros, austrálias.

Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 26 450, DG, I Série, nº 69, de 24 março 1936.

Inventário: Joaquim Gonçalves – maio de 2019.

Convento de Santa Marinha da Costa

(Consultada em maio de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 67, 156-160.
CARITA, Hélder ; CARDOSO, António Homem – Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal : ou da originalidade e desaires desta arte. [S. l.] : Edição dos Autores, 1987. pp. 153, 158, 252.
GUIA de Portugal: Entre Douro e Minho. II - Minho [S.l.] : Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. Vol. 4. pp. 1223-1238.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=30283
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=5679
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Norte
https://www.cm-guimaraes.pt/cmguimaraes/uploads/document/file/3954/18643.pdf

Largo Domingos Leite de Castro