Quinta do Paço de Valverde

A Quinta do Paço de Valverde localiza-se a 12 km de Évora, no sopé da Serra de Monfurado junto à ribeira de Valverde. É constituída pelo antigo Paço Episcopal com a sua cerca e o Convento do Bom Jesus da Mitra, vulgarmente referido por ‘Conventinho’. Aqui se instalou em 1921, a Escola Prática de Agricultura de Évora, mais tarde, em 1931, Escola de Regentes Agrícolas e hoje integra o Pólo da Mitra da Universidade de Évora.

As primeiras notícias conhecidas acerca da quinta do Paço de Valverde datam do século XVI sendo que se tratava de terrenos da Mitra de Évora dedicados ao descanso e retiro espiritual da Câmara Eclesiástica. O Cardeal D. Henrique, 1º arcebispo de Évora e rei de Portugal, fundou o convento em 1540 instalando-o dentro da quinta. Epidemias sazonais fizeram com que o paço fosse abandonado pela comunidade residente em diferentes momentos. Na segunda metade do sédulo XVII, recebeu várias obras que beneficiaram largamente a quinta, nomeadamente o seu sistema hidráulico. Extintas as ordens religiosas em 1834, o convento e a cerca foram entregues à Fazenda Nacional embora tenham sido restituídos à diocese de Évora em 1870 tornando-se o convento um seminário. Em 1911 passou novamente para o estado e, desse 1915, que tem estado associado ao ensino agrícola. Está inscrito desde 2016 no programa REVIVE, Valorização do Património para fins turísticos.

Acede-se à quinta por um portal manuelino datado do século XVI, integrado no muro e que dá acesso a um pátio amplo, com fonte ao centro, edificado em todos os lados, onde sobressaem dois enormes plátanos, e conhecido como pátio Matos Rosa. Augusto Blanco Calado de Matos Rosa (n. 1900, Alter do Chão - m?), engenheiro agrónomo, foi director da Escola de Regentes Agrícolas de Évora, desde a sua criação em 1937 até à sua extinção em 1970. Imediatamente à direita do portal encontra-se uma casa que dá acesso ao singular lago dos Cardeais, integrado no chamado Jardim de Jericó, que tem igualmente acesso por uma escada exterior. Presume-se ser obra do arcebispo de Évora, D. Domingos de Gusmão (1678-1689). É sobrelevado, de forma circular rematado por um passeio delimitado por um muro circular com óculos recortados intercalados por namoradeiras, ao centro encontra-se uma estátua de Moisés. Dá acesso a um outro tanque, a nascente, com vestígios de embrechados embora em bastante mau estado de conservação sendo a água abastecida a partir do aqueduto. O Jardim de Jericó é um ponto de observação sobre toda a quinta havendo um caminho que conduz à capela de São João do Deserto. À esquerda do portal de entrada no pátio fica a capela Palatina á qual se acede pela fachada norte. A fachada principal do paço episcopal forma um L com a capela, com uma pequena porta ogival à esquerda - acesso às casas pintadas - e a entrada principal fica ao centro antecedia por uma pequena galilé composta por três arcos de meia volta suportados por colunas, construída no século XVIII. Imediatamente ao lado, atravessa-se um portão, que conduz à quinta, ao longo de um caminho ladeado por bancos, que dá acesso ao jardim de buxo, com fonte ao meio e organizado segundo quatro quadras. Seguindo pelo lado sul do jardim de buxo, é-se conduzido a um imenso tanque retangular junto à Casa da Água ou de Fresco, uma construção que está ligada ao aqueduto. Acede-se ao alto da casa por uma escada que conduz a um terraço rodeado por um murete com bancos. A partir do tanque retangular, um eixo conduz a um portão da cerca que, por sua vez, é ladeado por um muro que delimita a cerca do Conventinho e, virando logo á esquerda é-se conduzido ao longo de um caminho à capela de São João do Deserto. Aqui, ao longo de um eixo acede-se a mais duas capelas: São Teotónio e das Penhas. A quinta do paço episcopal tem uma estrutura bem definida dentro dos seus muros e é constituída por vários campos estando alguns atualmente destinados a campos experimentais. Um elemento singular e sem dúvida o aqueduto que atravessa parte da quinta, vindo de nascente, para abastecer o Jardim de Jericó, o paço, a Casa da Água e a partir dai regar os campos. É todo construído em arcadas de alvenaria sendo obra da segunda metade do século XVII, assume-se que iniciativa de D. Domingos de Gusmão.

O Convento do Bom Jesus da Mitra, ‘Conventinho’, é uma unidade inserida na quinta do paço episcopal com entrada própria pelo convento, junto à estrada, por um alpendre assente em arcaria, mandado construir pelo cardeal D. Henrique. São notáveis a capela com planta em cruz grega, as trinta e duas colunas de mármore que suportam as cúpulas, marcam os cantos dos octógonos, e o pequeno claustro com traço de Manuel Pires (1550).

A gestão da quinta tem estado orientada para dar resposta às necessidades dos projetos de investigação pelo que existem áreas e elementos patrimoniais que não estão mantidos, não obstante os muitos projetos e estudos feitos no âmbito da formação em arquitetura paisagista da Universidade de Évora.

Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 44 452, DG, 1.ª Série, n.º 152 de 05 de julho 1962 (Capela e Claustro da Mitra) ZEP, Portaria n.º 79/2010 DR, 2.ª série, nº 17 de 26 janeiro (Quinta do Paço de Valverde)

Inventário: Teresa Andresen - janeiro 2019

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