Convento do Espinheiro
Alentejo | Évora
Convento do Espinheiro
Situado 3 km a norte de Évora na direção de Estremoz, a origem do Convento do Espinheiro está ligada a uma lenda que relata a aparição de uma imagem da Virgem sobre um espinheiro, por volta de 1400. Em 1412 foi mandada edificar uma ermida em honra de Nossa Senhora, tornando-se o lugar um destino de peregrinação. A igreja foi fundada em 1458 e posteriormente surgiu o convento de frades jerónimos. A corte, durante a segunda dinastia, instalava-se com frequência em Évora onde tinham sido construídos os paços reais. Tinham uma grande devoção a Nossa Senhora pelo que o convento se tornou um destino da família real e foi sendo objeto de dádivas e privilégios. Aquando da expedição a Arzila D. Afonso V fez uma promessa à Senhora do Espinheiro, para que ajudasse as armas portuguesas no combate. D. João II, em 1481, reuniu as cortes em Évora e aqui terá pernoitado. Também D. Manuel e D. João III visitavam o convento, trazendo privilégios e ofertas. D. Sebastião ia de Évora ao Espinheiro a pé e o Cardeal-Arcebispo D. Henrique foi igualmente visita do convento. Em1663, serviu de pousada ao Estado-maior castelhano, durante o cerco da cidade de Évora.
A capela funerária destinada a sepultura do cronista e poeta Garcia de Resende (1470-1554), nascido em Évora, e dedicada a Nossa Senhora do Egipto foi construída em 1520 embora estivesse em abandono em 1777 quando foi reedificada e reaberta ao culto, pelo administrador dos bens e vínculos de Garcia de Resende tendo passado a estar dedicada a Nossa Senhora da Conceição.
Com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento secularizou-se. Na década de 1940, a propriedade foi adquirida por Luís Marçal que, em 1997, a colocou à venda tendo sido comprada pela Sociedade de Promoção de Projectos Turísticos e Hoteleiros, Lda., incluindo o convento, a igreja, a capela funerária de Garcia de Resende e uma pequena parte dos campos da antiga cerca. Em 2003, foi dado início às obras de reconversão em unidade hoteleira, sob projeto de João Lucas Dias e a inauguração do Hotel Convento do Espinheiro ocorreu em junho de 2005, estando a funcionar desde então como tal tendo sofrido ampliações em datas posteriores.
A entrada do convento é contigua à igreja de São Francisco, sendo antecedida por um espaço ajardinado. A cerca primitiva não é totalmente percetível, mas subsistem quer muros quer estruturas hidráulicas que permitem fazer a leitura do espaço original de vocação produtiva e contemplativa. Acede-se ao convento pela antiga porta do Carro e através de um pequeno pátio, tendo à direita a porta de entrada no convento/hotel. Uma vez no interior há várias formas de aceder ao que resta da cerca do convento, nomeadamente pela ala nova. No entanto, há um percurso através das áreas sociais do hotel que reutilizam antigos espaços do convento, como o bar, garrafeira ou restaurante, passando nomeadamente pelo claustro e pela igreja, e que nos leva a um pequeno horto murado no lado nascente com laranjeiras, diversas estruturas hidráulicas incluindo um tanque e também a primitiva ermida de Nossa Senhora do Espinheiro. Envolto em espaços de estacionamento e áreas de serviço do hotel, permite, no entanto, aceder à parte norte em direção à capela de Garcia de Resende, tenho à direita um muro com um portal de acesso a um olival – embora não esteja acessível - e à esquerda uma das alas novas do hotel. Em torno da capela, entre afloramentos graníticos, encontram-se oliveiras e um tanque. Prosseguindo no sentido de poente e contornando uma ala nova tem-se à direita uma vinha que já não pertence ao hotel e, do lado poente, encontra-se o aqueduto que conduz a água para a nora. Aqui encontra-se uma horta ajardinada, longitudinal às fachadas poentes das novas alas e que remata na piscina no hotel. Foram mantidas diversas estruturas hidráulicas. Na transição das alas novas para o convento, encontra-se o chamado jardim de D. Sebastião que ocupará a antiga praça de touro, com quatro plátanos nos cantos.
Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (Igreja de Nossa Senhora do Espinheiro). Decreto nº 7.667, DG, 1.ª série, n.º 163 de 11 agosto 1921 (Capela de Nossa Senhora do Espinheiro)
Inventário/Descrição: Teresa Andresen - janeiro 2019
Convento do Espinheiro
(consultada em maio de 2019)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. p. 67.
GUIA de Portugal: Estremadura, Alentejo e Algarve. II - [S.l.] : Biblioteca Nacional de Lisboa, 1927. Vol. 2. pp. 80, 81.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. (policopiado)
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3942