Jardins das Portas do Sol
Lisboa | Santarém
Jardins das Portas do Sol
Acede-se a este jardim, na alcáçova de Santarém sobranceiro à lezíria do Tejo e sustentada por panos das antigas muralhas, a partir da rua 5 de Outubro resultante de um aterro que uniu dois morros. A rua desemboca no Largo das Alcáçovas, com a Igreja de Santa Maria da Alcáçova, fundada em 1154, à esquerda, a norte, e a nascente encontra-se um portal com grade de ferro que dá entrada ao jardim que ocupa a antiga alcáçova. A construção do jardim está intimamente associada à elevação de Santarém a cidade, em 1868, a que se seguiu a construção de um conjunto de equipamentos urbanos. O ajardinamento da alcáçova data de 1895, segundo o projeto de 1882 de João Fagundo da Silva (1840-?) embora a obra só tenha sido concluída na década de 1930. João Fagundo da Silva era engenheiro, membro da Academia das Ciências de Lisboa, e esteve ligado a diversas obras tendo nomeadamente acompanhado a obra da Ponte D. Luís I sobre o Tejo, em Santarém, inaugurada em 1881.
Um eixo estrutura o jardim, no prolongamento da rua 5 de Outubro, a partir do portão até ao miradouro sendo este ensombrado por um renque de grandes plátanos. De ambos os lados existem diversos canteiros e o espaço está pontuado por um conjunto de árvores de grande porte como os plátanos e as araucárias, diversos equipamentos – alguns testemunhando tempos passados como alguns bancos com painéis de azulejo – e outros mais recentes. Do lado esquerdo encontra-se a estátua de homenagem à memória dos mortos da grande guerra, inaugurada em 9 abril de 1932, quinze anos depois da batalha de La Lys e da autoria do escultor Anjos Teixeira. Mais recentemente, em 1999, sobre a direita e já perto do mirante foi inaugurada uma estátua a D. Afonso Henriques da autoria de Soares dos Reis comemorativa da conquista de Santarém.
O jardim encerrou ao público em 2008 para obras de recuperação que incluíram a construção de uma cafetaria e de um centro interpretativo da evolução de Santarém e mostra de achado arqueológicos - Urbi Scallabis - tendo ainda sido equipado com um pequeno anfiteatro ao ar livre e um parque infantil. Esta intervenção qualificou o espaço, mas apagou de alguma forma a memória romântica do lugar conferida no final do século XIX ao jardim a que não faltava um lago. No entanto, perdura enquanto lugar memória da ‘Vila Alta’, palco do poder militar, real e religiosos, e jardim de forte carga histórica alvo de recentes campanhas arqueológicas reveladoras de testemunhos romanos, islâmicos, medievais e modernos e representativo da apropriação de antigas estruturas defensivas nos finais de oitocentos, estrategicamente localizadas, procuradas pela população para o seu recreio em que a oferta de uma vista panorâmica de elevadíssima qualidade se sobrepõe e se mantem como a grande razão de ser deste espaço.
Inventário: Teresa Andresen - junho de 2021
inserido na ROTA DO TEJO