Herdade da Torre

A Herdade da Torre localiza-se na Torre das Vargens, a 7 km de Ponte de Sor. Tem uma área superior a 7000ha, é atravessada pelo rio de Sôr que se junta ao rio de Raia para constituir o rio Sorraia, um afluente da margem esquerda do Tejo. É também atravessada pelo caminho de ferro construído em 1863.

Martim Vaz de Mascarenhas, nobre e cidadão de Évora, foi o primeiro individuo a usar o apelido e a quem, em 1373, D. Fernando coutou uma herdade. O seu bisneto Fernão Martins Mascarenhas (m. 1628) foi Capitão de Ginetes dos reis D. João II e D. Manuel I e em 1496 recebeu do rei o direito ao tratamento de Dom. Foi também prior da Colegiada de Guimarães, bispo do Algarve, senhor de uma notável biblioteca, inquisidor-geral, reitor da Universidade de Coimbra. O neto deste, Dom Fernando Mascarenhas instituiu, com sua mulher, o Morgadio da Torre das Várzeas (hoje Torre das Vargens) em 1574. O 1º Conde da Torre foi D. Fernando de Mascarenhas (c. 1610 -1651) de juro e herdade por carta de Filipe III de 1638. Foi pai de D. João de Mascarenhas (1633-1681), 2º conde da Torre que acumulou o título de 1º Marquês de Fronteira, atribuído por carta do regente D. Pedro em nome de seu irmão D. Afonso VI em reconhecimento dos seus feitos militares na Guerra da Restauração (1640-1668).  É com o 1º Marquês de Fronteira que se inicia a história da Herdade da Torre.

O 2.º Conde da Torre foi quem, já como Marquês de Fronteira, mandou construir o Palácio Fronteira, em Lisboa, sendo que a propriedade inicialmente era conhecida como Morgado-Novo. Este património fundiário é sem dúvida dos que melhor resistiu aos embates das crises do século XIX português e hoje pertence à Fundação das Casas de Fronteira e Alorna, hoje presidida por D. José Maria Pinto Basto de Mascarenhas, desde 2014. A fundação foi instituída em 1987 por seu primo D. Fernando Mascarenhas (1945-2014).

A Herdade da Torre é o que resta do condado da Torre, sendo que ainda se encontram vestígios da torre aqui existente. É maioritariamente ocupada por povoamentos de sobreiro numa extensão de mais de 5300ha, existindo outros povoamentos florestais de pinheiro e eucalipto. A propriedade distribui-se por ambas as margens da ribeira do Sor sendo assim atravessada por um eixo nascente/poente constituído por aluviões, em que a ribeira ora encosta à margem direita ora à margem esquerda. Aqui encontram-se instalados diversos pivots para rega de milho. Nas encostas distribuem-se as áreas florestais com destaque para a vasta área de montado de sobro. Existe uma pequena ribeira, na margem esquerda do Sor, que passa junto à casa da Herdade construída no século XIX, ficando esta numa posição altaneira sobre o vale da ribeira, na sua margem direita, enquanto que a povoação da Torre das Vargens com o apeadeiro de comboio se encontra em frente, na margem esquerda.

Acede-se à casa a partir da EN 364 por um caminho que bifurca, conduzindo à direita para o pátio rústico, um monte típico rodeado de casas de trabalhadores e onde existiu talho, concheiras e fornos para fazer o pão, sendo uma pequena aldeia dentro do monte. A bifurcação para a esquerda conduz à casa. A casa está rodeada de pequenos jardins com canteiros e bosquetes sendo separado do pátio rústico por um muro com um pequeno portão. Tem uma ligação a uma área nova a norte onde se encontra a piscina.  Um outro caminho próximo da entrada junto à EN364 era a antiga estrada antes de haver a ponte sobre a linha de comboio em que se pode encontrar um altar a Nossa Senhora junto à estrada e que ainda hoje é visitado por pessoas da terra e de fora e tem procissão. Este caminho segue ao longo da ribeira e conduz aos campos, onde em tempos estiveram instaladas umas estufas que ainda aí permanecem, e às hortas.

A herdade foi atingida pelos incêndios de 2003 que se expandiu pela propriedade provocadso pela passagem de um comboio que levou os proprietários a remover as árvores mais próximas dos edifícios. Em 1999, a zona de caça turística da Herdade da Torre das Vargens com uma área de 7283ha, englobando a Herdade da Torre e ainda a Tramaga e Vale do Açor, foi concessionada à Sociedade Agrícola do Condado da Torre Ldª sendo todas as propriedades no concelho de Ponte de Sor.

Inventário: Teresa Andresen (outubro de 2020).

inserido na ROTA DO TEJO