Claustro do Convento de Santos o Novo

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Claustro do Convento de Santos o Novo

O Convento de Santos-o-Novo está implantado em meio urbano, sobre uma pequena elevação de terreno com vista privilegiada sobre o rio Tejo e é conhecido por ter o maior claustro do país e da Península Ibérica. Dá-lhe acesso, o Pátio das Comendadeiras que comunica com a Calçada da Cruz da Pedra e a Calçada das Lajes.

A história do Convento de Santos-o-Novo teve início numa ermida localizada em Santos-o-Velho, no tempo de D. Afonso Henriques, dedicada aos três Santos Mártires, Veríssimo, Máxima e Júlia, cujos corpos foram milagrosamente encontrados em Santos-o-Velho, depois de terem sido atirados à água com pedras pesadas atadas ao pescoço, sendo as Comendadeiras da Ordem de Santiago as responsáveis pela guarda do local.

A origem das comendadeiras remonta a um grupo de "mulheres […] dos Comendadores e Freires que no tempo que eles andavam ocupados na guerra contra os Mouros, viviam recolhidas no Mosteiro em grande honestidade. E como algumas vieram a professar os votos dos Cavaleiros, elegeram uma à qual deram o título de comendadeira, e foi a primeira que teve este título uma senhora ilustre de sangue, e mais ainda de virtude, que se dizia Dona Sancha, a qual por revelação do Céu, achou as relíquias dos Santos Mártires" (História, 1972, pp 223-230).

No início do século XVII, durante o reinado de D. Filipe II, decide-se que o antigo Convento Santos-o-Novo não teria as dimensões necessárias e manda-se construir o atual Mosteiro de Santos-o-Novo junto à Calçada da Cruz de Pedra. Os seus arquitetos foram Teodoro de Frias e Juan Herrera e como apontador Baltasar Álvares, lançando-se a primeira pedra em 1609. Para a construção deste edifício compraram-se terrenos a Francisco Varejão (para pátios e casas exteriores) e pediu-se uma autorização régia para a compra de casa e quintal (para Mosteiro e Igreja). A obra apenas teria ficado concluída em 1685.

Em 1755, o terceiro piso do claustro foi parcialmente destruído pelo terramoto de Lisboa, o que deixou o edifício inabitável, tendo então sofrido obras de recuperação. Foi definitivamente desafetado ao culto em 1895, mantendo-se nas mãos das comendadeiras mesmo após a extinção das ordens religiosas em 1834. Atualmente, enquanto a igreja e o primeiro piso do Convento são propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, os restantes pisos são hoje a residência Professor José Pinto Peixoto e pertencem ao ministério da educação.

A igreja de Arquitetura religiosa maneirista e barroca, encontra-se ricamente decorada com talha dourada, embutidos de mármore florentinos, pintura, e azulejos, destacando-se os que revestem as paredes e narram os passos da vida dos Santos Mártires. Trata-se de um edifício de grande imponência, onde se destaca o claustro de planta quadrada com cerca de 2000 m2 e uma e fonte ao centro.

“No claustro […] abrem-se galerias de arcos de volta perfeita albergando as capelas do Senhor dos Passos e da Encarnação, que se encontram revestidas a talha, estatuária e azulejaria” (monumentos.gov.pt). O mesmo possui três pisos, dois com arcadas sobrepostas, e um terceiro reentrante, formando um terraço recolhido. O seu espaço é decorado por um jardim de buxo e murta topiados e um tanque de pedra circular com repuxo ao centro. O jardim é definido pelos canteiros e pelos caminhos conectados de terra batida, em cujo cruzamento se localiza o tanque, o centro focal de todo o jardim. Em torno desta área central, inserem-se 8 canteiros de geometria diferente dos primeiros, mas igual entre si, ladeados por percursos que, convergem igualmente para o centro. Os canteiros são contornados por sebe talhada de murta e têm buxo topiado em forma de bola.

Parte da cerca encontra-se, ainda, a envolver o conjunto, denominada hoje em dia como Horta das Comendadeiras, um espaço murado, a norte do edifício com acesso direto pelo Claustro. O eixo longitudinal que estrutura formalmente a horta culmina numa escadaria que dá acesso a um patamar arborizado sobrelevado com vista sobre a horta. Espécies arbóreas e arbustivas de carácter produtivo como a tangerineira, a laranjeira, o limoeiro, o marmeleiro, o dióspiro, a nespereira, a figueira, o loureiro, o abacateiro, o damasqueiro, a ameixeira de jardim, a romãzeira, a pereira e a videira. A revestir os canteiros encontramos também várias espécies de caracter ornamental como o hibisco, a hortense, a lavanda, o alecrim, a gilbardeira e a magnólia, por entre muitas outras.

Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 31/83, DR, 1.ª série, n.º 106 de 09 maio 1983.

Tanto a horta como o claustro carecem de uma recuperação e uma boa manutenção de jardinaria qualificada.

Texto de Inventário: Carina Santos – 2017; Isabel Sinal – 2017; Maria Portugal – 2017.

Adaptação: Guida Carvalho – 2020.

Revisão: Cristina Castel-Branco – 2020.

Claustro do Convento de Santos o Novo

(Consulta em 2017 e março de 2020)
GUIA de Portugal: Generalidades Lisboa e Arredores I - Lisboa [S.l.]: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979, p. 318.
HISTÓRIA dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa. Tomo II. Lisboa: CML, 1972 pp. 223-230.
LEMOS, Fernando Afonso de Andrade. Santos-o-Novo: A Lenda do Masculino, in OLISIPO, Boletim do grupo "Amigos de Lisboa", II série, n.º 6, Junho de 1998.
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73740
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7074

Largo de Santos o Novo, 3-4