Jardim Beatriz do Canto
Açores | Povoação
Jardim Beatriz do Canto
A iniciativa para a construção do parque das Murtas (actualmente parque Beatriz do Canto) remonta a meio do século XIX e deveu-se a um grupo de cinco proprietários da elite de Ponta Delgada, que tinham como hábito passar a época estival no Vale das Furnas. Por iniciativa própria e com os seus próprios investimentos, Ernesto do Canto, António Borges da Câmara Medeiros, José Maria Raposo de Amaral, José Jácome Corrêa e António Francisco Botelho de Sampaio Arruda, decidem converter o local num espaço para recreio público. O projeto foi confiado ao jardineiro inglês George Brown, autor do lago contruído no centro da propriedade que, para além do seu valor cénico - envolto num manto verde relvado marcado por ruas largas -, tem a função de reter as águas da ribeira. O plano executado em 1862 previa, igualmente, a implantação das cinco moradias estivais para os membros da Sociedade, mas apenas Ernesto do Canto concretizou o seu chalet, ainda existente. Este último terá adquirido as restantes quotas de uma sociedade diluída. Durante a administração de Beatriz do Canto Faria e Maia (1902-1988), herdeira de Ernesto do Canto, o parque sofreu efeitos de uma terrível tempestade que provocou deslizamentos de terra a partir do Salto do Fojo e afectou seriamente a parte Norte do jardim. A recuperação custou vários anos de trabalho, mas Beatriz de Canto manteve sempre a abertura gratuita ao público em agosto, respeitando a vontade dos seus antecessores. Pela sua devoção, os seus descendentes quiseram prestar-lhe uma homenagem rebatizando o parque com o seu nome. Os atuais proprietários mantêm a tradição (Albergaria, 2012, 2005). A entrada pode ser feita pela Alameda Norte, que comunica com a rua de Santana, ou pela rua do hotel Terra Nostra (rua Padre Jacinto Botelho), próximo do moinho. Nessa entrada, fica-se frente a uma pequena cascata formada pelo açude do lago. O caminho que continua pela direita, entre grandes árvores e bosquetes de bambu, culmina numa curva apertada com três grandes sequóias, zona limite de acesso restrito à habitação. Consegue-se, no entanto, um vislumbre do Chalet Canto, edifício de «arquitectura pitoresca» de meados do século XIX, em estado notável de conservação e de integridade. Já os caminhos do lado oriental são limitados por um canal de água muito fria, que desce até ao jardim a partir do planalto da Achada. De seguida, encontra-se o tosco alpendre de pedra que servia de abrigo aos pequenos barcos de recreio no lago. Adjacente ao lago, fica a nascente da água Camarça, muito fria e pura, que outrora se pensava ter propriedades curativas. Posteriormente ao atravessamento da ponte pênsil, cuja oscilação à passagem faz o deleite dos mais pequenos, amplos relvados enquadram a Alameda dos Plátanos (a outra entrada do parque) (Albergaria, 2012).
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