Jardim Duque da Terceira
Açores | Angra do Heroísmo
Jardim Duque da Terceira
O Jardim Duque da Terceira localiza-se no centro histórico de Angra do Heroísmo ocupando os antigos terrenos que pertenceram ao convento dos Jesuítas e cerca do Convento de São Francisco (atual museu de Angra). Típico de finais de Oitocentos, com três entradas a partir do centro da urbe, torna-se facilmente acessível às muitas dezenas de pessoas que o visitam diariamente, seja para usufruir tranquilamente do jardim, das suas amenidades e espécies exóticas ornamentais, para os pais que trazem os filhos ao parque infantil, para assistir à realização de eventos, ou ainda como forma de atalhar caminho entre pontos distintos da cidade.
Em 1862, o governador civil Jácome Bruges propõe à Câmara a compra do “Sítio Fagundes” com vista à criação de um jardim experimental para desenvolvimento agrícola. Em 1882, a Câmara de Angra adquire a propriedade sendo subarrendada ao Conselho Agrícola Distrital com a obrigação de afetar uma parte a ajardinamento. Ali estabelece, na parte restante, campos experimentais de floricultura, fruticultura, horticultura, culturas cerealíferas e viticultura. Desde 1882 o delineamento do jardim coube ao agrónomo belga Francisco José Devander Gabriel (1835-1897), autor do desenho do “Jardim de Baixo”. Através de contactos com a ilha de São Miguel e facilidades junto das principais casas de fornecimento de plantas em Paris e Bélgica, conseguiu reunir um conjunto significativo de plantas ornamentais. Em 1888 o jardim de experimentação e de aclimatização de culturas passa a denominar-se “Passeio Duque da Terceira”. Iniciam-se novos melhoramentos com a introdução do coreto em 1897 e a abertura da Passagem Silva Sarmento, que liga o jardim ao Alto da Memória, onde foi erigido, entre 1845 e 1856, o obelisco em homenagem a D. Pedro IV, celebrando a campanha liberal liderada pelo Duque de Bragança. A partir de 1901, com o final do prazo de arrendamento, a Câmara assenhorou-se dos antigos campos destinados às experiências agrícolas, estendendo o domínio recreativo a todo o espaço.
Dada a orografia do terreno, o jardim estrutura-se em andares ao longo da colina do castelo de São Luís (ou dos Moinhos), tendo a parte baixa e plana um desenho formal, com canteiros de flores, arbustos topiados, tanques e fontes, relvados a marginar lagos, intercalados por passeios largos, um quiosque, um coreto, um caramanchão com fonte adossada à parede, a “Glorieta a Garret” (busto em mármore celebrando o poeta Almeida Garrett que viveu em Angra) e alguns elementos arbóreos incluindo palmeiras exóticas. A zona alta é caracterizada pelo traçado irregular, de ruas sinuosas e calcetadas em rampa, degraus ladeados por muros de pedra pintados de branco e vegetação densa. Situado numa plataforma intermédia fica o pátio dos azulejos com banquetas e encosto decorado com dois nichos e quatro painéis azulejados com cenas do “Filho Pródigo” (fabrico c. 1740). Um pouco mais acima, uma antiga estufa foi convertida na Casa do Jardim (restaurante biológico) e no patamar acima fica o famoso 'Tanque do Preto' (tanque de rega decorado com uma figura escultórica, híbrido de preto e índio do Brasil) pertencente à antiga cerca franciscana, enquadrado por frondosas tílias. No topo do jardim, ergue-se o obelisco em homenagem a D. Pedro IV, verdadeiro belvedere da cidade.