Casa da Boavista
Norte | Celorico de Basto
Casa da Boavista
Quinta de recreio com cerca de 7 ha, localizada em encosta, rodeada por frondosa mata, dominando a paisagem, a par da vizinha Casa do Outeiro, cujas famílias estiveram unidas durante várias gerações por matrimónio. Localiza-se em ambiente rural, desfrutando de uma paisagem virada ao vale percorrido pelo rio de Veade, encontrando-se na proximidade a Igreja de Veade, de raiz medieval e inserida na Rota do Românico. A imponente casa misturando um barroco tardio com o neoclássico, com pedra de armas e capela, domina a paisagem no alto do monte. Terá sido construída no final do séc. XVIII, com origens no início do séc. do séc. XVI, sendo o seu primeiro proprietário Miguel Pires da Silva. A actual construção foi mandada fazer por Manuel Luís Teixeira de Carvalho de Cunha Pinto da Mesquita, bacharel em direito e capitão-mor das ordenanças de Veade, a quem é passada carta de armas em 1791. A casa sofreu um violento incêndio em 1992, destruindo-a parcialmente. Foi reconstruída, mantendo o aspecto inicial que nos remete para uma grande casa senhorial de uma fazenda brasileira. Lateralmente à casa desenvolve-se o jardim formal com topiárias de exemplares notáveis de camélias, ao gosto dos chamados “Jardins de Basto”. Subindo a encosta desenvolvem-se as estruturas da antiga quinta, onde outrora se situavam os pomares e as hortas, culminando no topo do monte em frondosa mata, criando zona de fresco.
O acesso principal e antigo é feito por portal neoclássico ligado a caminho que serpenteia encosta acima até ao terreiro da casa. Actualmente possui outro acesso que faz o caminho inverso, entrando pela antiga mata, no topo do monte. Fronteiro à fachada principal da casa encontrava-se jardim formal de aparato com sebes de buxo. Lateralmente à casa desenvolve-se um terraço ajardinado, formal, delimitado por balaustrada de granito, com canteiros delimitados por buxo, relvados com roseiras e camélias, cujo centro do jardim é marcado por exemplares notáveis de camélias formando rotunda, topiadas em arcada, com fonte de repuxo ao centro. Este jardim encontra-se virado à paisagem com uma magnífica vista sobre o vale e toda a mata densamente arborizada que envolve a casa. Num dos topos encontra-se um enorme e centenário teixo. Em quota inferior, lateralmente ao jardim, um tanque de recolha de água. Atrás da casa e do jardim, desenvolvem-se grandes relvados, locais primitivos de terrenos agrícolas da quinta, que deveriam ser formados por hortas e pomares. Provavelmente já fruto de intervenções do séc. XX correm corredores de buxo com latadas de vinha, junto aos antigos terrenos agrícolas, continuado o caminho por escadarias abertas nos muros de socalco, convergindo no topo em terreiro arborizado, com grandes zonas de sombra e tanque de granito. Lateralmente encontra-se o antigo sequeiro e eira, actualmente com uma piscina. Seguindo uma lógica de percurso ascendente, típica das quintas de recreio, começando na casa, passando pelo jardim, pomar, horta e terrenos agrícolas, encontra-se no topo do monte a mata principal.
IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1ª Série, nº 226 de 29 setembro 1977.
Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.
Casa da Boavista
(Consultada em abril de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962.
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. p. 121.
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STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.] : Civilização Editora, 2000. pp. 206-209.
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/73925/ http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=324