Solar do Souto
Norte | Celorico de Basto
Solar do Souto
Quinta localizada na meia encosta, na freguesia de São Clemente, com vista para a Serra da Lameira e a Serra da Orada, onde se encontra o santuário da Senhora da Orada a dominar a paisagem. A envolvente da casa tem uma área com cerca de 1,5 ha. Terá sido construída no séc. XVIII, mas possui origens ainda no séc. XVII, sendo um dos seus primeiros proprietários Gonçalo Afonso Ribeiro. Mais tarde, já nos anos 30 do séc. XX, o Padre João de Magalhães Ferreira, Visconde de São Clemente comprou a casa à antiga família proprietária. É da sua altura o jardim que circunda toda a enorme casa. Em 1935, o Visconde de São Clemente terá concebido todo o jardim marcado por topiárias, ao gosto dos chamados “Jardins de Basto” que se sobrepõem contornando toda a casa. As esculturas são feitas essencialmente em buxo, teixo e camélia, algumas muito antigas, anteriores a este jardim, outras terão vindo de outras propriedades do Visconde de São Clemente, como a Casa da Lapeira. A casa, com pedra de armas e capela dedicada a Nossa Senhora das Necessidades, foi construída no segundo quartel do séc. XVIII, como atesta a data existente de 1733 e profundamente remodelada no séc. XIX por António Monteiro Borges de Araújo e já nos anos 30 e 40 do séc. XX pelo Visconde de S. Clemente de Basto. O acesso ao jardim e casa, em quota mais alta do que a estrada, é feito por caminho dominado por sebe de buxo talhada, que percorre grande parte da área onde se implanta a casa. A área maior de jardim formal, dominado pela topiária, desenvolve-se lateralmente à casa, ligeiramente em quota superior, com caminhos ortogonais, ladeados por buxos talhados, alguns com formas de aves, pontuados por grandes camélias em caramanchão formando casas de fresco com mesas circulares. No meio deste jardim, por entre topiárias e relvados com laranjeiras surgem zonas para animais, com gaiolas e latadas de vinha que se estendem para os socalcos superiores onde se encontram terrenos agrícolas. Contornando a casa vão-se formando caminhos com camélias, algum crescendo livremente, outras talhadas, como outro caramanchão em torno de fonte de tanque circular com duas taças, permitindo ao visitante ouvir sempre o barulho da água a cair. No extremo oposto, junto ao muro do socalco encontra-se uma estufa com uma gruta artificial no interior e imagem de Nossa Senhora de Lourdes. Em patamar superior encontra-se o antigo sequeiro e eira, atualmente com piscina, usada como instalações do turismo de habitação. Neste jardim sui generis, claramente fruto da imaginação prodigiosa do seu autor dominam as topiárias, algumas bastante estilizadas e elaboradas, criando uma ambiência onde o contraste de sombras surpreende.
MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 283/2013, DR, 2.ª série, n.º 91 de 13 maio 2013.
Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.
Solar do Souto
(Consultada em abril de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de - Jardins de Basto. In GUIA de Portugal: Entre Douro e Minho. [S.l.] : Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. Vol. 4. p. 1294-11299.
CARVALHO, António Alves de – Concelho de Celorico de Basto. [S.l.] : [s.n.], 1989. p. 120.
FERNANDES, M. Francisca O. C. – Camélias ou Japoneiras são o encanto dos Jardins de Basto. Terras de Basto. Ano XIII, nº 248 (30 Mar. 1994), p. 3.
STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.]: Civilização Editora, 2000. pp. 158-161.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=1931