Casa de Pascoaes

Norte | Amarante

Casa de Pascoaes

Quinta de recreio com cerca de 24 ha, localizada em encosta de pendor suave, rodeada de campos de vinha, na proximidade da Capela da Senhora do Vau, e da Igreja de Gatão, inserida na Rota do Românico. Por uma alameda de velhíssimos sobreiros chega-se a Pascoais. A quinta encontra-se em ambiente rural, rodeada por campos de vinha. De origens antigas, remontando ao séc. XVII, foi um dos seus primeiros senhores conhecidos, Manuel Fernandes de Gouveia.

Tal como muitas outras casas senhoriais de Amarante, foi incendiada pelas tropas francesas em 1808 e reconstruída muito tempo depois, apenas em 1862. Conserva ainda a capela original de 1672 com azulejos de padrão seiscentista. Aqui nasceu o conhecido poeta Teixeira de Pascoaes, que adotou para seu pseudónimo o nome da casa. Ainda hoje existem inúmeros recantos que espelham o amor do poeta por esta casa e especialmente pelos seus jardins. Tal como a típica quinta de recreio portuguesa possui jardins com canteiros de buxo e camélias e alamedas cobertas de latadas de vinha que nos conduzem aos pomares e campos de cultivo, atualmente com monocultura de vinha. Diversos locais remetem-nos para a memória do poeta, como a fonte do silêncio, onde era assinalada a passagem de inúmeros amigos que aqui se reuniam em tertúlia, e um mirante cor-de-rosa, com ampla janela envidraçada onde Teixeira de Pascoaes escrevia sob a luz matinal, com uma vista deslumbrante para um pomar de laranjeiras e vinhas a perder de vista. A casa e o monumental portal armoriado que fecha o terreiro são precedidos por um jardim formal de canteiros de buxo, de recorte geométrico e em estrela, ritmados por laranjeiras. Contornando a capela dedicada a Nossa Senhora do Pilar e o corpo da casa encontra-se caminho coberto por latada de vinha que conduz ao pomar de citrinos, encontrando pelo caminho um tanque de pedra e a Fonte do Silêncio com nicho e imagem de S. Tiago. Em patamar mais elevado encontra-se outro jardim formal, mais antigo marcado por um exemplar notável de um Ulmus pendula suportado por estrutura de ferro criando uma zona de sombra no verão. Os canteiros de buxo de recorte sinuoso são alegrados por exemplares de camélias e uma Lagerstroemia. Junto a este jardim surge uma imponente fonte barroca e muros com alegretes e relógio de sol. Em quota superior, sempre em socalcos, encontra-se uma zona de estar com mesas de pedra, latadas para criar sombra e pequena fonte polilobada com repuxo. No patamar inferior corre alameda coberta por latada de vinha, em arco, que conduz aos terrenos agrícolas, ao mirante de Teixeira de Pascoaes, no centro, e a outro interessante tanque de recolha de águas por gravidade, que se situa em quota inferior, já na zona de pomar.

IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977.

Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.

Casa de Pascoaes

(Consultada em abril de 2018)
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. pp. 61 e 156.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins com História: Poesia atrás de muros. [S.l.]: Edições Inapa, 2002. p. 161.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins de Portugal. [S.l.] : CTT Correios de Portugal, 2014. pp. 28-31.
SILVA, António Lambert Pereira da – Nobres Casas de Portugal. Porto : Livraria Tavares Martins, 1958. Vol. II. p. 105.

Gatão, EN 210