Rossio de Viseu
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Rossio de Viseu
O Rossio situa-se em pleno centro da cidade, junto ao edifício da Câmara Municipal de Viseu, e traduz-se como um dos cartões-de-visita dos espaços verdes de Viseu, que desde a década de 30 se assumiu como “cidade-jardim”. A norte encontra-se em encosta o pequeno Jardim das Mães com canteiros de buxo, roseiral, lagerstroemias, azevinho, magnólias e ciprestes. No centro, uma estátua alusiva ao nome do jardim. E a sul uma das entradas do Parque Aquilino Ribeiro.
Construído extramuros da cidade medieval, no antigo Rossio de Massorim, junto ao desaparecido Convento de Santo António de Massorim, foi inaugurado a 29 de outubro de 1845, chamando-se Rossio do Rei D. Fernando ou Passeio D. Fernando. Constituiu-se como um passeio público tão em voga no séc. XIX, aberto, com vista para a serra do Caramulo, pontuado por árvores e mais tarde com um coreto. No entanto, a Cava de Viriato, também usada como passeio público era a preferida dos viseenses.
Em 1876 a construção dos novos Paços do Concelho rouba parte do espaço do passeio público. Com a chegada em 1918 do capitão Almeida Moreira (1873-1939), presidente da Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu, diretor do Museu Grão Vasco e vereador responsável pelos jardins da cidade desde 1918 até meados dos anos 30 do século passado datando desta altura a designação de “Viseu Cidade Jardim”), a cidade começa a sofrer uma transformação ao nível dos espaços públicos, da qual não foi exceção o Rossio.
No topo norte, surge um grande painel de azulejos, a revestir o muro de suporte da rua superior, percorrido com balaustrada e cenas da vida campestre. Mandado fazer em 1930 a pedido da Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu, para revestir a chamada “rampa do Grémio”, foi encomendado ao mestre Joaquim Lopes com motivos regionalistas e figuras alegóricas relativas à capucha do Caramulo, pastores e cenas de feira.Em Setembro de 1931 começa a colocação do painel produzido na Fábrica do Agueiro, de Vila Nova de Gaia.
Outro ex-libris do Rossio é a chamada “Glorieta a Tomás Ribeiro”, de 1931, localizada do lado esquerdo do edifício da câmara, uma estrutura circular com muretes de granito com painéis de azulejos, bancos e no centro um espaldar com um medalhão também em azulejo representando Tomás Ribeiro, que também dá o nome ao jardim. É ladeado por prateleiras que serviriam para colocar livros do autor para os visitantes lerem. Existe uma estrutura parecida a “Glorieta a Grão Vasco” no Parque do Fontelo. A autoria do medalhão é de Jorge Colaço, os azulejos da Fábrica Constância, a construção de Barros & Cunhado e a obra da iniciativa da Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu e claro do capitão Almeida Moreira, cuja ideia trouxe do Parque Maria Luísa em Sevilha, que o visitou a quando da Exposição Ibero-Americana, em 1929.
O Rossio é pontuado por exemplares notáveis de tílias e plátanos, surgindo lateralmente à câmara, junto à “glorieta” uma fonte com tanque circular, rodeada por pequeno jardim formal com canteiros de buxo, relvados e pontuado por ciprestes, rododendros, olaias e freixos.
No topo, é rematado por rotunda com grande fonte de lago circular com repuxos e pelo início do Parque Aquilino Ribeiro, com a escadaria de acesso à Igreja da Ordem Terceira de São Francisco, ladeada por frondosos carvalhos.
Inventário: Joaquim Gonçalves - junho de 2018
inserido na ROTA DO DÃO
Rossio de Viseu
(Consultada em junho de 2018)
Viseu Cidade-Jardim – Nota Histórica, in VisitViseu, 18 fevereiro 2016.
FERNANDES, Luís da Silva – A Comissão de Iniciativa e Turismo de Viseu (1926-1936), in Viseum, Revista do Museu Municipal de Viseu, nº 1, 2008.
FERNANDES, Luís da Silva – Visitai Viseu… com Almeida Moreira, in revista BICA, ano 1, nº 1 Fev. Mar. Abr. 2017, pp. 206-208.