Paço dos Cunhas / Casa do Soito
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Paço dos Cunhas / Casa do Soito
A quinta do Paço dos Cunhas, situada em pleno centro histórico de Santar, possui cerca de 8 ha e é composta por dois núcleos distintos, o Paço dos Cunhas de raiz maneirista e a Casa do Soito de raiz barroca, localizada a oeste. O acesso ao Paço dos Cunhas, outrora chamado de Casa de Santar, construído em 1609, a mando de D. Pedro da Cunha fidalgo da corte de Filipe II, é feito através de um sóbrio portal maneirista com armas picadas virado para uma ampla praça (Terreiro da Carvalha) rodeada de antigo casario e cruzeiro central. Esta construção, outrora imponente, terá sido construída a partir de um paço medieval dos antigos donatários de Senhorim, Óvoa e Carreiro, no entanto do original resta apenas uma parte, pois terá caído em ruína após a confiscação dos bens e fuga para Espanha, em 1641, de D. Lopo da Cunha, partidário dos Filipes e participante numa conspiração contra D. João IV. Ao passar o portal abre-se um grande pátio lajeado, um pouco à moda espanhola, aberto a sul para jardim, do séc. XX, em quota mais baixa, composto por extensas quadras de buxo podado com relvados e canteiros de roseiras. No topo esquerdo encontra-se um grande tanque de granito. O jardim estende-se superiormente atrás do Paço dos Cunhas, com zona de parque infantil, laranjal, jardim de aromáticas e um pombal no alto. Atrás desenvolvem-se extensos campos de vinha com bordadura de oliveiras.
A ladear este jardim surge um outro, mais antigo, do séc. XIX, pertencente à Casa do Soito. Esta casa, na mesma propriedade, terá sido mandada fazer pela família Coelho do Amaral, que terá transformado as ruínas do Paço dos Cunhas em construções agrícolas e erguido um novo solar. O acesso principal ao jardim é feito pelo Beco do Soito, cujos portões abrem para imponente fonte com tanque retangular e nichos, ladeados por aceres. Em eixo, encontra-se a a escada que conduz à casa, em quota mais elevada, marcada na frontaria por dois exemplares notáveis de palmeiras Washingtonias. O jardim formal é formado por canteiros de buxo podados preenchido por agapantos e pontuado por exemplares notáveis de cedros, magnólias, ciprestes, castanheiros da índia e camélias, que lhe conferem amplas zonas de sombra sobre bancos abertos nos muros decorados com azulejos de figura avulsa. No meio de tanta sombra, pequenas clareiras abrem-se no jardim, uma delas com estatuária de Nossa Senhora da Conceição e Santo Afonso de Ligório, permitindo ao visitante obter pontos de vista quer sobre a Casa do Soito, quer sobre o Paço dos Cunhas, do lado oposto.
Imóvel de Interesse Público - Decreto n.º 45/93, DR, I Série-B, n.º 280, de 30-11-1993
Inventário: Joaquim Gonçalves –junho de 2018
Paço dos Cunhas / Casa do Soito
(Consultada em junho de 2018)
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. pp. 56, 132.
EUZÉBIO, Maria de Fátima, MARQUES, Jorge Adolfo M. – Arqueologia e Arte no Concelho de Nelas : Câmara Municipal de Nelas, 2005.
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LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo - Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia, Abril de 1998. Vol. I.
SOUSA, José Luís Vasconcelos e - História do Jardim da Casa dos Condes de Santar, também conhecido por Jardim da Casa de Santar. Lisboa: Disciplina de História dos Jardins, Pós-Graduação em Jardins e Paisagem, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Dezembro de 2014.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3795