Termas de São Pedro do Sul

Na margem esquerda do rio Vouga, junto à EN16, a aproximadamente meia distância entre São Pedro do Sul e Vouzela, onde se cruzam as da Arada, da Gralheira e de São Macário (grande romaria no último fim-de-semana de Julho) encontram-se as termas com uma utilização continuada ao longo de 2000 anos. Trata-se de um lugar antigo onde existem vestígios castrejos sobre um ponto alto na margem esquerda do rio no chamado Castro do Banho. No entanto, os vestígios patrimoniais mais notáveis são os das termas romanas construídas no século I, denominadas Caldas Lafonenses na Idade Média, constituídas por Tepidarium, Caldarium, Sudatorium, e Laconicum num conjunto de cinco piscinas, sendo uma ao ar livre. Possivelmente correspondem à romana Aquae Sulis, evocativa de Sulis, deusa celta da Cura relacionada com as fontes de água quente.

D. Afonso Henriques aqui procurou cura resultante dos ferimentos na batalha de Badajoz e concedeu o primeiro foral à Vila do Banho em 1152 que passou a encabeçar o concelho de Lafões. A chamada Piscina de D. Afonso Henriques é de interior, em sala abobadada com três ábsides. O rei estabeleceu paço real 'juntamente com o filho Sancho (futuro rei D. Sancho I), as filhas Teresa e Urraca e toda a cúria régia, com eles reunindo e decidindo importantes políticas nacionais’. D. João I deu ao infante D. Henrique o senhorio do concelho de Lafões com as suas Caldas. D. Manuel I, nos princípios do século XVI decidiu desenvolver as Caldas Lafonenses, construindo no local o Hospital Real das Caldas de Lafões que dotou de um Reguengo e concedendo novo Foral à Vila do Banho em 1515. Entregou o senhorio das termas a Fernão Lopes Almeida, senhor da Casa da Cavalaria de Vouzela, mantendo-se na família até ao século XVII. Em 1884, a Câmara Municipal de São Pedro do Sul decidiu substituir o hospital por um balneário moderno tendo a Rainha D. Amélia vindo aqui a banhos, instalando-se na Casa de Reriz em São Pedro do Sul. Com a República, o lugar passou a chamar-se de Termas de São Pedro do Sul, mantendo o balneário o nome de Rainha D. Amélia. Na década de 1980 fizeram-se novos investimentos construindo-se novo balneário, sobre a margem esquerda do rio, na continuação do balneário romano, e modernizando o existente. Entretanto foram-se instalando diversos hotéis, em ambas as margens do rio. Permanece a capela de São Martinho e, em agosto de 2019, inaugurou-se a muito desejada reabilitação das ruínas romanas termais.

O rio Vouga aqui constitui uma pequena albufeira, possuindo duas travessias, sendo usado para recreio e tem como ícones o geiser e a torneira. Em ambas as margens existem passeios ajardinados. O da margem esquerda é constituído por um conjunto de alinhamentos de árvores. O complexo termal localiza-se na margem esquerda e aqui se concentra a maioria dos hotéis, com destaque para o Grande Hotel das Termas / Palace Hotel / INATEL Palace, inaugurado em 1943, hipotecado em 1959 e reaberto em 1997 como INATEL Palace. Naturalmente o complexo romano, agora restaurado, tem a importância maior não só pela sua idade e dimensão, mas pelo seu estado de integridade e conservação e pela utilização contínua do século I ao século XIX. Existem diversas fontes: a Fonte de São Martinho, a Fonte de Santo António, a Fonte no largo da Cerca, etc. A água é sulfurosa e brota a 68,7ºC. As termas são sobretudo procuradas para tratamentos de doenças do foro reumatismal e das vias respiratórias.

Imóvel de Interesse Público - Decreto n.º 41 191, DG, I Série, n.º 162, de 18-07-1957 (Castro do Banho)

Monumento Nacional - Decreto n.º 28 536, DG, I Série, n.º 66, de 22-03-1938 (Piscina de D. Afonso Henriques das Caldas de Alafões)

Inventário: Teresa Andresen - outubro de 2019