Quinta de Fiães
Norte | Vila Nova de Gaia
Quinta de Fiães
A Quinta de Fiães situa-se em Avintes, Vila Nova de Gaia, a curta distância do rio Douro. Ocupa uma área com cerca de 50 hectares, dos quais 4 correspondem aos jardins e à mata. Uma parte da quinta acolhe, desde o ano 2000, o Zoo Santo Inácio.
Terá sido construída no início do século XVIII. Em 1758, pertencendo já a Pedro Van Zeller, cavaleiro da Ordem de Cristo e abastado comerciante, é notada em 1788 por Agostinho Rebello da Costa na sua Descrição Topográfica e Histórica da Cidade do Porto. Dela refere o grande terreiro em torno do qual se distribuem a casa e outras dependências, a capela dedicada a Santo Inácio e um grande tanque com fonte de espaldar com 3 bicas, o jardim geométrico e florido, imediatamente a nascente da casa, organizado em torno de uma grande taça de água circular com repuxo e ainda a abundância de água e de frutos, as ‘ruas silvestres’ que a atravessavam e a longa rua que conduzia até ao embarcadouro na margem do Douro.
Durante todo o século XIX a família Van Zeller enriqueceu a quinta com novos arranjos com plantas diversas e exóticas, seguindo a tendência colecionista do tempo, nomeadamente um notável conjunto de eucaliptos plantados na mata. O velho jardim geométrico foi modificado e ampliado, acolhendo caminhos estreitos e irregulares, bordejados a buxo e acolhendo azáleas e rododendros, camélias, kalmias, entre outros arbustos floridos, sendo por isso hoje designado de jardim romântico. No final do século XX, seriam ainda adicionados os jardins formais, desenhados por Patrick Bowe.
Acede-se hoje ao jardim por um caminho a norte da casa, entre os dois patamares inferiores ocupados pelos jardins formais. Para sul, emoldurado pela fachada posterior da casa, encontra-se o terceiro patamar, onde se localiza o jardim romântico. Os dois jardins — formais e romântico — alongam-se em direção à frondosa mata, a nascente, estando separados desta por um caminho que se inicia a sul, junto a uma fonte com tanque quadrangular e carranca a partir da qual se lança uma ampla escadaria e cascatas em degraus, bordejadas de camélias, continuando para norte em direção ao zoo. São estas, num total de cerca de 2000, a causa da quinta ser considerada um berço das camélias portuguesas do séc. XIX, com 39 variedades (cultivares) lá obtidas e exemplares raros como a Camellia japonica ‘Variegata’, provavelmente a mais antiga da Europa (1805).
A mata acolhe, para além dos eucaliptos anteriormente referidos, uma coleção de pinheiros-mansos, araucárias, carvalhos, cedros, tulipeiros, castanheiros-da-Índia, entre outras espécies, assim como uma estufa, um lago de forma oval e um conjunto notável de camélias centenárias que o envolvem e que acompanham o caminho que conduz até ao portão do rio, formado por um par de colunas anteriormente localizadas na Ribeira do Porto e por entre as quais passaram as tropas do General Soult aquando da sua chegada à cidade.
Arvoredo de Interesse Público
Várias espécies. Camélia (Camellia japonica), eucalipto-da-Tâsmania (Eucalyptus globulus Labill.), eucalipto (Eucalyptus amygdalina Labill.), eucalipto (Eucalyptus linearis Dehnh.), eucalipto (Eucalyptus obliqua L'Hér.), eucalipto-robusto (Eucalyptus robusta Smith), eucalipto (Eucalyptus longifolia Link), pinheiro-bravo (Pinus pinaster Aiton), pinheiro-manso (Pinus pinea L.), carvalho-americano (Quercus rubra L.), carvalho-alvarinho (Quercus robur L.), tulipeiro-da-Virgínia (Liriodendron tulipifera L.), Eugénias (Eugenia spp.), rododendros (Rhododendron spp.)
Nº Processo: KNJ2/024
Classificação: D.R. nº 146 II Série de 31/07/2006
Inventário: Teresa Portela Marques e João Almeida – fevereiro de 2020
inserido na ROTA DO GRANDE PORTO
Quinta de Fiães
(Consultada em fevereiro de 2020)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa: Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 199-200.
GUEDES, Roberto – The Gardens and Woods of Quinta de Santo Inácio de Fiães. Penafiel: Quinta de Santo Inácio, Lda., 2002.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. I.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=8791
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PRIEJP_Porto&c=PRIEJP_Porto_J11&qid=sdx_q8