Quinta do Revoredo em Santa Cruz (Centro Cultural)

A Quinta do Revoredo situa-se na Rua Bela de São José, no centro da cidade de Santa Cruz, na costa sul da Madeira, com uma área de cerca de 2500 m2, a uma altitude de cerca de 16 m, com exposição sul, e com uma vista privilegiada sobre o oceano atlântico.

Os terrenos da antiga Cerca do Convento de Nossa Senhora da Piedade de Santa Cruz foram adquiridos à Fazenda Pública pelo comerciante inglês John Blandy (1783-1855) em 1840, para aí constituir a Quinta do Revoredo, a sua residência marítima de verão. Durante as guerras napoleónicas John Blandy, enquanto marinheiro de um navio inglês, tinha tomado conhecimento da Madeira e foi o primeiro membro da família Blandy a fixar-se na ilha da Madeira em 1811, para aí se dedicar ao comércio e exportação do vinho da Madeira. Charles Frederick Raleigh Blandy (1846-1905), neto de John Blandy, e filho de Charles Ridpath Blandy (1812- 1879) e de Mary Anne Blandy (1808-1891), habitou na Quinta do Revoredo a maior parte da sua vida, tendo um especial gosto por Santa Cruz e por esta quinta. Charles Frederick Raleigh Blandy foi um notável aguarelista que retratou as paisagens madeirense estando hoje grande parte do seu espólio Museu de História Natural do Funchal. Num edifício anexo à casa da quinta, que atualmente alberga a Biblioteca Municipal de Santa Cruz, era o seu atelier de pintura e de fotografia.

Nos dias de hoje, os três edifícios da quinta são a casa principal, a Casa da Cultura de Santa Cruz, a Biblioteca Municipal (antigo atelier de pintura e fotografia de Charles Blandy) e a Casa da Banda Municipal. O edifício da casa principal tem dois pisos e uma pequena torre avista-navios. Esta antiga quinta foi comprada e recuperada pela Câmara Municipal de Santa Cruz em 1988 para ali albergar a Casa da Cultura de Santa Cruz inaugurada em 1993, bem como a sede da Banda Municipal de Santa Cruz.  A antiga casa principal da quinta, outrora habitada pela família Blandy, localiza-se na extremidade este do jardim, e aí se encontra a Casa da Cultura que promove várias atividades culturais, como exposições, atelier de artes plásticas, laboratório de fotografia, biblioteca, e eventos no auditório ao ar livre. O jardim ocupa um patamar com forma retangular sobre o oceano, com relvados, árvores e arbustos, sendo os caminhos calcetados com pequenos calhaus de basalto, pavimento tradicional das quintas madeirenses dos séculos XVIII e XIX. Nos canteiros do jardim estão dispostas algumas esculturas contemporâneas. O jardim tem várias árvores centenárias autóctones da flora da ilha da Madeira como dragoeiros (Dracaena draco) e tis (Ocotea foetens).

Inventário: Sónia Talhé Azambuja (março de 2020). Inventário tendo por base visita exterior à propriedade e fontes bibliográficas.