Casa da Calçada

A Casa da Calçada encontra-se junto à margem esquerda do rio Tâmega, em pleno centro histórico de Amarante, junto à ponte. Na proximidade encontra-se o Parque Florestal de Amarante, ligado historicamente à casa. Localizada em encosta, a imponente casa do séc. XIX marca a paisagem da cidade, desenvolvendo-se atrás, encosta acima, o jardim em alto patamar sobrelevado e socalcos de vinha culminando no alto do monte, abrangendo uma área de cerca de 4 ha. A quinta no entanto apresenta origens bem antigas, remontando ao séc. XVI, cujo seu primeiro senhor foi o Conde de Redondo. Durante a passagem das tropas de Napoleão, em 1808, elas instalaram-se na casa e ao saírem incendiaram-na, à semelhança do que aconteceu com muitas outras casas amarantinas. No último quartel do séc. XIX foi comprada por Francisco Joaquim Pereira do Lago Cerqueira. Aqui nasceu o seu filho António do Lago Cerqueira (1880-1945), político, republicano convicto, militante do partido democrático e presidente da Câmara de Municipal de Amarante durante muitos anos. Por motivos políticos, Lago Cerqueira deixou o país e foi viver para Paris onde frequentou um curso de vitivinicultura o que fez dele um inovador da viticultura amarantina do seu tempo e daquilo a que hoje chamamos os Vinhos Verdes. Transformou largamente a casa e os seus jardins, tal como as vinhas. Na década de 60 do séc. XX, a propriedade foi comprada pelo empresário Manuel da Mota, que deixa a vontade que após a sua morte a casa seja transformada num hotel. A propriedade murada, acede-se por portal junto à antiga Ponte de Amarante, com pequeno jardim fronteiro, inclinado, com fonte de lago circular, com repuxo e canteiros de buxo. Lateralmente à casa, sobre o rio, encontra-se atualmente um terraço / esplanada, outrora um pequeno jardim formal. A casa, tal como o jardim, assentam em grandes patamares suportados por muros de pedra. O jardim desenvolve-se atrás da casa, separado por estreita rua, com acesso por passadiço de ferro. Inicialmente o acesso seria feito por escadaria lateral ao alto muro de suporte, ainda existente. O jardim longitudinal, com claras transformações do séc. XX, com uma piscina e quadras de relvados, alguns percorridos por sebes de buxo, com bosquete de camélias, a maioria muito antigas, cedros, Lagerstroemia e um exemplar notável de uma palmeira Washingtonia. Num canteiro central circular encontra-se uma estátua em terracota de um par de crianças,. No topo, junto ao muro de suporte do socalco superior, com vinha, encontra-se uma fonte neoclássica com monograma e a data de 1864. Lateralmente ao tanque da fonte encontra-se um velho feto. Os socalcos de vinha desenvolvem-se superiormente monte acima, existindo no alto uma torre ameada circular, elemento arquitetónico típico do séc. XIX.

Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.