Mosteiro de Ganfei
Norte | Valença
Mosteiro de Ganfei
Mosteiro beneditino localizado na proximidade da margem do rio Minho, perto da povoação de Ganfei, a escassos metros da EN 101, fronteiro à cidade de Tui, com igreja e antigas dependências monacais inscritas em cerca murada, no caminho de ligação de Braga a Santiago.
De origens muito antigas, já dele há notícias em 691, sendo destruído pelas hostes de Almansor em 997. Em 1018 é reedificado por Ganfredo. Em 1320, pertencia ao bispado de Tui mas a sua situação económica era difícil e em 1499, sendo do padroado real, D. Manuel deu-o aos Marqueses de Vila Real, que foram nomeando abades comendatários até ao falecimento do último, em 1581. Foi em 1569 que passou para a Ordem de São Bento. Nos séculos XVII e XVIII sofreu grandes obras de remodelação. Entre 1632 e 1761, construíram-se o claustro, o grosso do edifício conventual, a nova fachada principal (datada de 1693) e a ampla capela-mor. Em 1809 foi incendiado durante as invasões francesas. Em 1886, na sequência da extinção das Ordens Religiosas é comprado por António Xavier Torres e Silva, de Caminha, vindo a ser vendido à Sociedade de Refinarias de Açúcar Reunidas em 1974. A fonte do claustro foi transferida em 1985 para a Praça da República, em frente à Câmara Municipal de Valença.
O mosteiro ergue-se ao fundo de um amplo terreiro longitudinal com um cruzeiro na parte inicial, que no seu lado direito tem o cemitério, torre sineira e a notável Igreja do Salvador de Ganfei de matriz românica de três naves com a figura de São Bento na parte superior da fachada, a norte as dependências monacais onde se inscreve um claustro quadrangular de dois pisos e, do lado esquerdo, um conjunto de pequenas construções de caráter agrícola. No canto esquerdo encontra-se uma porta de acesso à cerca hoje predominantemente ocupada por vinha. No entanto a estrutura de cerca conventual ainda se mantem bastante bem conservada possuindo hortas muradas a este da igreja. O maior espaço murado é atravessado “por caminho desde a escada até à fonte no extremo oposto; esta, ergue-se a meio de um patamar de escadas, entre latada e bancos corridos. É uma fonte de espaldar, com figura humana debaixo da taça e cornija encimada por concha e bolas sobre plintos. Um pouco mais acima fica o miradouro, com grande tanque quadrado rodeado de latada sobre esteios de granito. A meio do passadiço existe fonte baixa e circular. Pela quinta espalham-se outras fontes e escadas.” Segundo Ilídio de Araújo, a poente do mosteiro, e entre este e o caminho público, situava-se o "jardim de Espanha", constituído por terraço rectangular com chafariz ao centro e os muros decorados por diferentes ornatos de cantaria. Nele, alguns degraus conduziam a terraço, para o qual se abria uma porta do convento e que estabelecia comunicação com o claustro, e, através deste, com o terreiro exterior. Outra escada desce do jardim para o terraço inferior da quinta que se estende a N. do convento, para um e outro lado.
Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 40 684, DG, 1.ª série, n.º 146 de 13 julho 1956 (igreja) / Decreto nº 44 075, DG, 1.ª série, n.º 281 de 05 dezembro 1961 (claustro e ele-mentos arquitetónicos existentes na cerca).
Nota tendo por base visita exterior à propriedade e fontes bibliográficas: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.
Mosteiro de Ganfei
(Consultada em outubro de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. p. 161
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=5244
https://digitarq.arquivos.pt/details?id=4380803