Casal da Carriça
Centro | Viseu
Casal da Carriça
Pequena quinta com cerca de 8500 m2, no centro da povoação, em encosta, composta em sentido ascendente por casa com jardim em patamares, ladeado por pomares e no topo uma pequena mata murada.
A casa do séc. XVIII possui um jardim muito antigo, possivelmente ainda do séc. XVI (ARAÚJO, 1962), sendo o lugar da Carriça referido nas Inquirições de 1258 e havendo uma referência a um Casal na Carriça que em 1551 o bispo de Viseu, D. Alexandre Farnésio deu a António Fernandes Indio, que pertencia ao bispado e que o seu antecessor D. Miguel da Silva havia feito mercê a Diego Pires Gago. Ora o bispo D. Miguel da Silva foi o responsável pela construção do jardim renascentista do Fontelo, não se sabendo, porém, se haverá alguma relação com este jardim da Carriça.
O acesso principal é feito por portal, com elementos setecentistas, virado à rua, ladeado por gradeamento ritmado por pedestais bojudos. Por entre ramadas de vinha nova e nogueiras, chega-se à casa disposta em torno de pátio pontuado por laranjeiras e exemplares notáveis de camélias, com fonte encimada por relógio de sol. Caminho acima passa-se por latada de kiwis, com nicho embutido na parede, chegando-se a pequeno largo fronteiro à capela barroca. Uma porta do lado esquerdo conduz a escada com fonte com carranca e nicho, mesa em patamar superior e caleiras que conduzem a água aos patamares inferiores. Lateralmente desenvolve-se pequeno pomar. Por porta aberta em muro que fecha um jardim “secreto”, construído em dois patamares retangulares, com camélias, laranjeiras e cerejeiras, o de baixo rematado por antigos alegretes e no ceima, ao centro uma fonte com nicho, ladeada por bancos, inscrita em casa de fresco, que conduz a água da mina para tanque e ao longo de caleiras rasgadas no chão para os patamares seguintes do jardim, alimentando as fontes. Lateralmente ao tanque mais pedestais bojudos, só que estes apresentam altos-relevos de animais. Saindo do jardim, um caminho ascendente conduz à mata de carvalhos, sobreiros, cedros e pinheiros.
Inventário: Joaquim Gonçalves – Junho de 2018
Casal da Carriça
(Consultada em junho de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 90-92.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=13707