Quinta/Herdade da Amoreira da Torre
Alentejo | Montemor-o-Novo
Quinta/Herdade da Amoreira da Torre
Com entrada pela EN 4, a 4Km de Montemor-o-Novo, na margem direita do rio Almansor, acede-se a esta quinta através de um longo caminho entre os campos até um assento agrícola do lado direito após o que se inicia uma extensa área de vinha com cerca de 20ha. Um caminho à direita, acompanhado de um bosquete, conduz à casa, assinalada por um impressivo portal acompanhado de duas janelas rasgadas no muro. Este portal dá para um pátio, por sua vez com acesso a um pátio agrícola mais pequeno do lado nascente. No lado poente do pátio principal, encontra-se a casa com a sua antiga torre, centrada, encontrando-se à sua direita um notável pórtico de entrada na casa.
O documento mais antigo conhecido sobre esta herdade data de 1332 (1321?), quando era pertença do Cabido da Sé de Évora. No último quartel do século XV, D. Fernão Martins de Mascarenhas foi designado como donatário das terras. A propriedade mantem-se na posse desta família por mais três séculos. Nos finais do século XVII, a ermida consagrada a Nossa Senhora da Penha de França foi reconstruída na quase totalidade pela mulher do 5º Conde, D. João de Mascarenhas.
Foi pertença da família Mascarenhas e sabe-se que, no século XVI, na contiguidade da torre foram construídos a cerca, um pombal, a fonte da Rainha e uma alameda de loureiros. O pátio e o edificado que o circunscreve foram acrescentados no século XVIII. Em 1895, a herdade foi adquirida por Cipriano da Costa Palhinha, visconde da Amoreira da Torre. Alfredo Maria da Praça Cunhal (1908-1983) .... adquiriu-a, por sua vez, na década de 1920 e iniciou um restauro significativo sob a orientação dos arquitetos Raul Lino e Jorge Reis que, nomeadamente, criaram o jardim de buxo, os relvados e uma pérgula de rosas (atualmente desaparecida) existentes a poente, contíguos ao tanque encostado à fachada traseira da casa. Nos finais do século passado, o arquiteto paisagista Carlos Correia Dias elaborou um projeto de reabilitação.
O pátio da entrada tem acesso com o jardim e a cerca, junto à fachada sul da casa, através de um portão junto à capela construída no interior do antigo pombal. Imediatamente à direita encontra-se o enorme tanque de abastecimento de água a toda a cerca ligado a um interessante sistema hidráulico. Na continuidade do tanque, para poente, encontra-se o jardim de buxo organizado em quatro quadras e relvados delimitados por um bosquete pontuado por ciprestes. À esquerda encontra-se a antiga alameda dos Loureiros e ainda, em lugar mais escondido, a muito antiga fonte da Rainha, uma curiosa fonte de mergulho a que se sobrepõe uma pequena galilé. Mais a poente deste bosquete, em plena cerca, hoje encontra-se plantada vinha, mas as oliveiras ainda marcam presença, memória do antigo olival e pomar de frutas que aqui existiram. A vinha, plantada na sua grande maioria com castas portuguesas, é conduzida segundo práticas sustentáveis e de agricultura biológica certificada, tirando partido do microclima da Amoreira da Torre, caraterizado por uma frescura e humidade raras no Alentejo. Em volta da cerca, para além da vinha, encontram-se culturas arvenses estando instalados alguns pivots de rega e destaca-se a galeria ripícola a sul que acompanha o rio Almansor.
Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 264/2014, DR, 2.ª série, n.º 71 de 10 abril 2014
Inventário: Teresa Andresen - janeiro de 2019
Quinta/Herdade da Amoreira da Torre
(consultada em maio de 2019)
CARITA, Hélder, CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalidade e desaires desta arte, 1978;
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Tomo 8, vol. 1, Lisboa, 1975;
FOLHA DE MONTEMOR, Vasculhar o passado. Ano XXX, Nº 357, janeiro 2019, p.11;
PROENÇA, Raúl, Guia de Portugal - vol. 2 , Lisboa, 1983, 2ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian.
http://www.amoreiradatorre.com
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=2769