Quinta de Recarei / Quinta do Alão
Norte | Matosinhos
Quinta de Recarei / Quinta do Alão
A Quinta de Recarei, com cerca de 3,5 hectares, localiza-se em Leça do Balio, Matosinhos.
Propriedade muito antiga, pertenceu ao Mosteiro de Leça do Balio que se localiza a cerca de 1 km para norte. Os primeiros registos da quinta remontam ao século XV, quando eram seus proprietários Lopo de Camelo e a sua esposa, Inês Coelho. Seria por parte da sua bisneta, Maria Nunes Camelo, que a quinta passaria para a família Alão, por via do seu casamento com Aleixo Alão de Moraes. Por este motivo, a quinta também é conhecida por Quinta do Alão. O seu neto, Cristóvão Alão de Moraes (1632–1693), terá muito provavelmente sido o responsável pelo primeiro engrandecimento da quinta e dos seus jardins no século XVII. A quinta sofreu nova intervenção no século seguinte, maioritariamente no patamar superior do jardim e atribuída, segundo alguns autores, a Nicolau Nasoni. Francisco Jácome de Vasconcelos, o proprietário atual, adquiriu a quinta há cerca de 50 anos.
Acede-se ao jardim por um caminho, com cerca de 90 metros de comprimento, entre altos muros de granito e coberto por uma ramada de glicínias, até se atingir um portão de aparato ostentando as armas dos Alões de Moraes. Atravessando o portão, chega-se a um terreiro enquadrado por uma das alas da casa e a primitiva capela de invocação a Nossa Senhora da Assunção.
Atravessando um pequeno átrio sob a casa, entra-se no jardim propriamente dito, um espaço completamente murado e que se desenvolve em quatro patamares retangulares, a poente da casa, separados por pequenos desníveis com menos de 1 metro de altura. No patamar inferior, a sul, destaca-se o conjunto formado por um tanque octogonal, rodeado de bancos de granito e alegretes. Canaletes de pedra, utilizados na condução de água, distribuem-se por todos os patamares do jardim. Os dois socalcos que se sucedem exibem um intricado desenho de canteiros bordejados a buxo, em cujo interior florescem, na primavera e no verão, bolbos e plantas anuais numa diversificada paleta de cores e aromas.
O patamar superior, mais a norte, exibe um tanque em forma de losango, contendo no seu centro um golfinho montado por um putto soprando — ou bebendo — por um grande búzio. O tanque é abastecido por bica metálica em forma de cabeça de dragão. Por trás assoma-se uma fonte com um alto espaldar ladeada por dois ornamentados bancos de granito. Em ambos os extremos deste patamar encontra-se um nicho com estátuas de figuras femininas.
Encostado ao lado poente deste patamar, e a um nível inferior, encontra-se um pequeno pavilhão quadrangular, contendo uma pequena fonte, coroado por um coruchéu piramidal, emprestando algum exotismo ao jardim. Na zona mais a este do patamar, encostada à casa, encontra-se uma monumental magnólia-de-flores-grandes, que se pensa ter mais de 300 anos. Para além desta, outros espécimes monumentais e de grande beleza podem ser encontrados ao longo dos quatro patamares, nomeadamente camélias, teixos, fetos-arbóreos, criptomérias, magnólias de folha caduca, bordos-do-Japão, árvores-do-papel entre outros. Ramadas de rosas e glicínias desenvolvem-se ainda a poente e a sul da casa.
A oeste e exteriormente a este quadrilátero murado e ocupado pelos jardins antigos, encontra-se um pequeno arboreto criado pelo atual proprietário nas últimas décadas. Ocupando parcialmente os terrenos da antiga horta e pomar, alberga uma grande variedade de espécies arbóreas e arbustivas tais como araucárias, cedros, abetos, camélias, pinheiros, tulipeiros, metasequoias e rododendros. Um tanque circular e um chafariz pontuam ainda este espaço, entrecruzado por uma rede de caminhos regular.
IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 5/2002, DR, 1ª série-B, nº 42 de 19 fevereiro 2002.
Inventário: João Almeida e Teresa Portela Marques – fevereiro de 2020.
inserido na ROTA DO GRANDE PORTO
Quinta de Recarei / Quinta do Alão
(Consultada em fevereiro de 2020)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa: Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 145-147.
ATTLEE, Helena; SIMS, John Ferro (fotografia) – The Gardens of Portugal. Londres: Frances Lincoln Ltd, 2007. pp. 18, 22, 23, 30-35.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. I.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=4961
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=22877
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72794