Quinta de Villar d Allen

A Quinta de Villar d Allen, com cerca de 4,4 hectares, localiza-se na freguesia de Campanhã, no limite da cidade do Porto, à face da rua do Freixo, muito próxima do Palácio do Freixo e do rio Douro.

A história do lugar começa a desenhar-se em 1839, com a aquisição do Monte da Pedrinha e Além e da Quinta da Arcaria por João Allen, filho de Duarte Guilherme Allen, de origem inglesa e cônsul de Inglaterra em Viana do Castelo. Dinâmico e viajado comerciante, membro da Feitoria Inglesa, cofundador do Banco Comercial do Porto e da Associação Comercial é particularmente notado na cidade pela criação do Museu Allen — o primeiro museu privado de Portugal — na rua da Restauração.

Em Campanhã viria a construir a sua casa de campo, passando então o conjunto formado pelas duas propriedades a chamar-se de Villar d’Allen. Outras duas propriedades seriam posteriormente compradas e anexadas a Villar d’Allen: a Quinta de Vila Verde, por Alfredo Allen, filho de João Allen, em 1869, e a Quinta da Vessada em 1873, pela 1ª Viscondessa de Villar d’Allen, sua esposa.

A par da reconversão da antiga casa da Quinta da Arcaria, João Allen, influenciado pelas ideias oitocentistas inglesas do picturesque e novecentistas do gardenesque, constrói também o primeiro jardim de Villar d’Allen, influenciando fortemente o seu filho, Alfredo, 1º Visconde de Villar d’Allen. Este continuaria o projeto do seu pai através, nomeadamente, da criação do jardim na frente da casa, da introdução das mais variadas plantas exóticas entre as quais a sua coleção de camélias, que incluía algumas variedades por si produzidas e ainda hoje tão afamadas, e do lago de formas naturalizadas.

O acesso ao jardim faz-se a partir da rua do Freixo, através do portão ostentando as armas dos Allen, por um caminho íngreme até se alcançar um segundo portão decorado por dois cestos de frutas de granito, atribuídos a Nicolau Nasoni e muito possivelmente provenientes da vizinha Quinta do Freixo. Daí o caminho continua até ao jardim fronteiro à casa, disposto numa suave pendente, ocupada no seu centro por um lago que alimenta o regato que daí corre em cascata para a mata. Mais acima, junto à casa, observa-se num relvado disposto em meia-lua um tanque de igual formato e o mobiliário de jardim original. A nordeste, envolvendo este espaço, encontra-se um pequeno bosque contendo espécimes monumentais de camélia, cedro-do-Atlas e dos Himalaias, sequoia, magnólia-de-flores-grandes, araucária-da-Queenslândia entre outros.

A sul da casa, encontram-se a casa e o jardim do cisne, contendo o segundo uma notável coleção de palmeiras, nomeadamente as raras palmeiras-do-Chile assim como palmeiras-de-leque-do-México, palmeiras-de-saia-da-Califórnia e butiás do Brasil e da Argentina. Por entre as palmeiras encontra-se um espelho de água e um chafariz proveniente do Convento de Monchique. Daqui, por escadaria de granito, alcança-se o patamar-miradouro da fonte de São João, coberto por uma pérgula de glicínias e emoldurado por dois monumentais fogaréus de granito, também de autoria de Nasoni, de onde se obtêm ainda amplas vistas sobre o jardim e por onde também se acede à mata. Na parede que o suporta, encontra-se uma magnífica cascata de embrechados cujas águas escorrem para um pequeno lago que a circunda na base.

O patamar que se desenvolve na frente da casa, a poente, é pontuado no seu centro por um tanque circular, circundado por canteiros com roseiras e delimitados por sebes de buxo. A toda a volta encontram-se muitas das centenárias camélias de Villar d’Allen.

IIP - Imóvel de Interesse Público, Portaria nº 64/2010, DR, 2ª série, nº 12 de 19 janeiro 2010.

Arvoredo de Interesse Público em Vias de Classificação
Araucária-da-Queenslândia (Araucaria bidwillii Hooker)
Nº Processo: KNJ5/865
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Cedro-do-Atlas (Cedrus atlantica (Endl.) Manetti ex Carrière “Glauca”)
Nº Processo: KNJ5/866
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Pinheiro-guarda-chuva-do-Japão (Sciadopityis verticillata (Thunb.) Siebold & Zucc.)
Nº Processo: KNJ5/867
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Palmeira-do-Chile (Jubaea chilensis (Molina) Baill.)
Nº Processo: KNJ5/868
Entrada do requerimento: 08-04-2015

Inventário: João Almeida e Teresa Portela Marques – fevereiro de 2020.

inserido na ROTA DO GRANDE PORTO