MONTE PALACE MADEIRA – TROPICAL GARDEN
Madeira | Funchal
MONTE PALACE MADEIRA – TROPICAL GARDEN
O Jardim Tropical Monte Palace (Monte Palace Madeira – Tropical Garden), situado na freguesia do Monte, a 3 (5) Km do centro do Funchal, com uma área de 7 ha, com exposição dominante a sul, e uma altitude que vai dos 475 m aos 567 m, com um desnível de 92 metros entre os limites norte e sul da quinta. Trata-se de uma quinta de recreio de referência dos madeirenses no lugar do Monte - uma espécie de pequena Sintra - que, após um longo tempo de abandono, foi alvo de diversas intervenções sendo hoje um espaço particularmente bem cuidado e com uma elevada procura acessível através do teleférico. Hoje, o Jardim Tropical Monte Palace (Monte Palace Madeira – Tropical Garden), é também um lugar onde o colecionismo marca presença de forma eclética ao nível das plantas, dos minerais e da arte.
Os terrenos da freguesia do Monte que pertenciam à Companhia de Jesus foram confiscados pela Fazenda Régia em 1768 e colocados à venda em 1770. Foram adquiridos por Charles Murray, cônsul inglês que edificou a primitiva Quinta do Belmonte. Esta quinta abarcava os terrenos do atual Jardim Tropical Monte Palace (Monte Palace Madeira – Tropical Garden), do Colégio Infante D. Henrique e parte dos terrenos do Parque Municipal do Monte. No final do século XVIII, antes de se retirar para Inglaterra, Charles Murray vendeu a Quinta do Belmonte ao coronel Luís Vicente Carvalhal Esmeraldo (?-1798), irmão do futuro 1.º conde de Carvalhal da Lombada, João José Xavier de Carvalhal Esmeraldo de Atouguia Bettencourt Sá Machado (1778-1837), o instituidor da célebre Quinta do Palheiro Ferreiro no início do século XIX. Após o falecimento do coronel, a propriedade foi dividida pelos seus herdeiros, tendo a sua mãe, Isabel Maria de Sá Acciaioli (1741-?), ficado com a parcela de cima da quinta, e a sua viúva, Ana Inácia Correia Henriques de Vilhena Carvalhal (1772-1805), com a parcela de baixo da quinta. Em 1805 a parcela da quinta de baixo foi comprada pela firma Phelps & Cª e a quinta passou a designar-se por Quinta do Prazer. Em 1897, Alfredo Guilherme Rodrigues (1862-1942), comerciante madeirense, comprou a Quinta do Prazer que, em 1900, realizou um itinerário pelos castelos e palácios do vale do Reno. De regresso à Madeira, mandou edificar um palacete romântico para aí instalar um hotel. O palacete, com o nome de Monte Palace Hotel foi inaugurado em 1904 e estava rodeado de jardins com árvores de grande porte, e um grande lago com cascata e repuxos de água. Em 1944, dois anos após a morte de Alfredo Guilherme Rodrigues, o Monte Palace Hotel foi vendido em hasta pública e adquirido pela Companhia de Seguros Garantia S.A.R.L. Em 1957, a Companhia do Caminho de Ferro do Monte comprou a propriedade que já denotava falta de manutenção, tendo a quinta começado a ser dominado por espécies invasoras como as acácias e os eucaliptos. Em 1987, José Manuel Rodrigues Berardo comprou a Quinta Monte Palace. A partir desta altura teve início a recuperação do palacete bem como a recriação dos jardins e, em 1991, a quinta foi aberta ao público, com a nova denominação de Jardim Tropical Monte Palace.
A quinta hoje possui uma vasta e diversificada coleção de plantas, como a coleção de cicadales formada por aproximadamente mil exemplares de Cycas revoluta, planta originária da Ásia (Japão e sul da China), cerca de 700 plantas do género Encephalartos da África do Sul. Foram plantadas outras espécies como rododendros, azáleas, urzes, palmeiras, fetos, etc. e também quatro oliveiras com cerca de 2000 anos de idade, provenientes da obra da barragem do Alqueva. Segundo o estudo de caracterização fitogeográfica do Jardim Tropical Monte Palace (Monte Palace Madeira – Tropical Garden), realizado por Raimundo Quintal, esta quinta tem uma excecional riqueza florística, com a presença de 484 espécies. Destaca ainda que, em termos de flora endémica na Madeira, tem exemplares de elevado interesse ecológico e botânico como o raríssimo mocano (Pittosporum coriaceum), árvore quase desaparecida na Natureza, para além de exemplares da Floresta de Laurissilva como os loureiros (Laurus novocanariensis), os tis (Ocotea foetens), os barbusanos (Apollonias barbujana) e o cedro-da-madeira (Juniperus cedrus ssp. maderensis). De acordo com a obra 'Árvores Monumentais e Emblemáticas da Madeira', existem aqui cinco árvores com porte monumental: um pinheiro-bravo (Pinus pinaster), uma araucária-de-Norfolk (Araucaria heterophylla), um carvalho-comum (Quercus robur), um til (Ocotea foetens) e uma acácia-da-Austrália (Acacia melanoxylon).
A quinta possui uma vasta rede de percursos que liga os vários jardins e as zonas de mata e tem duas (três) entradas. A entrada do público faz-se pelo Caminho das Barbosas (Babosas), à cota alta, e tem outra entrada no Caminho do Monte, à cota baixa. Através de um caminho empedrado com pequenos seixos rolados, suportado por um muro abaixo do qual de encontram vários jardins em patamar, onde nomeadamente se encontra a coleção de orquídeas, chega-se diretamente ao palacete que inicialmente foi um hotel. O palacete mantem a traça original na sua quase totalidade com a exceção do corpo mais baixo. Atualmente, o palacete assenta numa vasta plataforma, uma solução bastante diferente da original que constava de um relvado sobre um terreno inclinado acessível por uma escada, mas que oferece uma notável panorâmica sobre a baía do Funchal. Numa cota inferior à plataforma, há uma sucessão de patamares ligados por caminhos e escadas destacando-se o jardim oriental, com uma construção de um templo budista e um painel de placas de cerâmica com o tema "A Aventura dos Portugueses no Japão", rodeado de vegetação, lagos, fontes, pavilhões, pontes e lanternas de influência oriental. Vários lagos estão povoados por coloridos peixes Koi. Para nascente do palacete, encontra-se um icónico lago com o seu forte ao centro com canhões por onde jorra água. Aqui, o atual proprietário introduziu um jato de água movido artificialmente e pontes que tornaram as pequenas ilhas diretamente acessíveis. A partir deste ponto, desenvolve-se um denso bosque onde foram introduzidos diversos elementos, como uma cascata de água artificial, e que serve também de cenário expositivo de diversas obras de arte de diferentes partes do mundo. Subindo esta encosta, acede-se ao Museu de Arte e Minerais (exposição de escultura contemporânea africana e de minerais) e ao portão de acesso ao Caminho das Barbosas (Babosas). Existe um percurso alternativo pela alameda da História de Portugal onde se encontra uma coleção de painéis de azulejos com episódios da História de Portugal.
Inventário: Sónia Talhé Azambuja (março de 2020) e Teresa Andresen (2022)
MONTE PALACE MADEIRA – TROPICAL GARDEN
(consultada em março de 2020)
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