Quinta do Prado

Norte | Celorico de Basto

Quinta do Prado

Quinta localizada no centro de Celorico de Basto, atualmente com cerca de 1,5 ha, à face da antiga estrada nacional que atravessa a vila. De origens antigas, remontando ao séc. XVI, sendo um dos seus primeiros proprietários João Gonçalves do Prado, a actual construção remete-nos para o séc. XVIII e XIX, com o jardim original da casa pontuado por topiárias de exemplares notáveis de camélias, algumas formando casas de fresco, muito ao gosto dos chamados “Jardins de Basto”. Este foi um dos primeiros jardins da segunda metade do séc. XIX feitos pelos jardineiros de Basto. O fundador desta escola de jardineiros foi Manuel Joaquim Alves Soares, formado em Belas Artes no Porto, por iniciativa de D. Emília Ermelinda Pinto Basto, casada com um dos senhores do Prado, José Pinto Dá Mesquita de Queiroz e Lemos. Ao fundador seguiu seu filho, Joaquim Alves Soares o que por mais tempo desenvolveu a atividade e consta que um seu neto, na década de 1960 emigrou para França e trabalhou nos jardins de Versalhes. Terá sido esta geração de jardineiros de Basto que terá dado vida às estranhas formas, ora geométricas, ora zoomórficas, talhadas em camélias, teixos e cedros.

A Quinta do Prado, a par com a Casa da Igreja de São Romão do Corgo, ambas da mesma família, e a Casa de Piellas, em Cabeceiras de Basto, da outra irmã Pinto Basto, D. Justina Praxedes, foram as primeiras a terem estes “Jardins de Basto” inspirados nas topiárias dos jardins ingleses, cuja moda se espalhou por toda a região, e por outras casas do norte onde as famílias tinham propriedades. O jardim recebeu o nome de “Jardim Arq. Ilídio Alves de Araújo”, em 2018, homenagem ao notável arquiteto paisagista natural de Celorico de Basto, autor da grande obra de referência da arte paisagista e dos jardins em Portugal.

A quinta encontra-se em ambiente urbano, em terrenos de suave declive, armada em socalco, outrora rodeada por férteis campos de milho e vinha de enforcado do vale do rio Freixieiro, subsistindo ainda alguns que conferem uma certa ruralidade ao lugar.

Possui dois acessos principais… Um deles é feito por portal ladeado por tanque, que conduz a alameda que culmina no terreiro da casa, fechado por balaustrada, com exemplares notáveis de camélias e cedros. Lateralmente a esta alameda encontra-se bosquete com plátanos, cedros do Buçaco, abetos e uma palmeira Washingtonia. Superiormente encontram-se antigas construções de apoio agrícola, que incluem um sequeiro, eira e espigueiro. Junta a estas latadas de glicínia. No topo, em quota mais elevada encontra-se um parque de estacionamento e um tanque recente.

O outro acesso é feito para o jardim formal antigo e para outro de intervenção contemporânea, por portal ricamente decorado rasgado em muro ameado que conduz a caminho longitudinal, que atravessa todo o grande patamar sobrelevado do jardim. A ladear o caminho encontram-se exemplares notáveis de camélias topiadas em cilindro e em caramanchões, formando casas de fresco, de Lagerstroemia e rododendros. Num dos lados do jardim, de planta bastante alongada, encontra-se uma pérgula de glicínia e no outro, um espelho de água. Junto a este corre um patamar superior com corredor de buxo que nos conduz a terreiro superior. No topo deste longo jardim, junto à varanda da casa encontra-se um exemplar notável de cedro formando zona de fresco. Lateralmente à casa, junto à antiga torre encontra-se outra zona de jardim formal antigo com canteiros de buxo com azáleas e alfazema, pontuado por grandes topiárias de camélia em torno de fonte de tanque circular com dupla taça. No topo, junto à torre da casa, encontra-se uma pérgula de antiga glicínia. Um acesso por escadaria para a rua abre-se nesta zona, passando por fonte com espaldar decorado e grande tanque com lavadouros. O jardim encontra-se profundamente transformado por intervenções já do séc. XXI, nomeadamente o espelho de água e lojas com terraços que se adossam ao patamar do jardim, fruto da intervenção dos arquitetos Carlos Guimarães e Luís Soares Carneiro, e mais recentemente com arranjos exteriores na parte norte do arquiteto Francisco Barata Fernandes.

Na proximidade passa a ciclovia do Tâmega, que liga o Arco de Baúlhe, em Cabeceiras de Basto, à Livração, em Amarante, antiga via férrea da Linha do Tâmega. Também bastante próximo encontra-se o parque urbano do Freixieiro, por onde passa o rio do mesmo nome, conservando os antigos moinhos e uma azenha de linho.

Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.

Quinta do Prado

(Consultada em abril de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962.
ARAÚJO, Ilídio de - Jardins de Basto. In GUIA de Portugal: Entre Douro e Minho. [S.l.] : Fundação Calouste Gulbenkian, 1996. Vol. 4. p. 1294-11299.
ARAÚJO, Ilídio de - Arte da Jardinagem nas Terras de Basto. In Comunicação lida na "tertúlia" inserida na V Festa Internacional das Camélias. Celorico de Basto : 6 de março de 2008.CARVALHO, António Alves de – Concelho de Celorico de Basto. [S.l.] : [s.n.], 1989.
FERNANDES, M. Francisca O. C. – Camélias ou Japoneiras são o encanto dos Jardins de Basto. Terras de Basto. Ano XIII, nº 248 (30 Mar. 1994), p. 3.
STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.] : Civilização Editora, 2000.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=15565

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