Casa de Caselhos de Cima

Norte | Celorico de Basto

Casa de Caselhos de Cima

Quinta construída meia encosta, com cerca de 8 ha, rodeada por campos e povoamentos florestais, junto à estrada municipal, existindo do outro lado as ruínas da Casa de Caselhos de Baixo. A casa apresenta características estilísticas que a ligam ao final do séc. XVIII, exteriormente, pois o interior foi totalmente reconstruído nos anos 20 do séc. XX, após um violento incêndio ocorrido no final do séc. XIX. A família proprietária, os Moniz Coelho, encontra-se ligada à vizinha Casa da Veiga, casa-mãe da família.

Acede-se por um portão sobre a estrada que nos leva ao terreiro da casa que corre ao longo da fachada da casa onde imediatamente se identifica a ausência da escadaria de acesso ao andar principal, apesar dos muitos projetos que as sucessivas gerações têm vindo a fazer para a sua construção. Duas grandes portas no rés-do-chão permitem o acesso ao lagar e à cavalariça. A poente do terreiro, do lado oposto à fachada da casa, encontra-se um jardim formal rebaixado, também contemporâneo da reconstrução da casa com canteiros rodeados por sebes de buxo, de recorte sinuoso e topiárias de camélias formando arcos, ao gosto dos chamados “Jardins de Basto”. A norte, a sul e a nascente da casa sucedem-se os socalcos de cultivo suportado por muros de granito, ligados entre si, e onde a presença das ramadas é ainda uma constante. Indo pelo lado sul da casa, avistando-se o vale do Tâmega e a Serra do Marão, acede-se a um pequeno pátio de cariz rural onde marca presença a enorme ramada de glicínia. Imediatamente abaixo, nos antigos campos de milho, hoje cresce um povoamento denso de cerejeiras bravas. Encontra-se, junto ao pátio, um enorme tanque com água corrente e tem-se acesso por escadas a outros socalcos destinados a horta e pomar. Num plano superior surge um conjunto de encantadoras construções rurais e um antigo olival. Como é típico das quintas de recreio portuguesas, após a sucessão dos pomares e terrenos agrícolas chega-se à mata, em cota mais alta. A quinta encontra-se em zona com alguma construção habitacional, apesar dos vários campos e matas que a circundam. O acesso é feito junto à estrada municipal por caminho que liga ao terreiro da casa, separado por sebe de escalónia com acesso ao centro a jardim formal, rebaixado, de construção do séc. XX, com canteiros de buxo e grandes topiárias de camélias antigas. Os canteiros são preenchidos por azáleas, cidónias e maónias, uma palmeira das Canárias, uma lagerstroemia e uma araucária. O jardim é percorrido por regadeira com pequeno tanque no extremo. Lateralmente desenvolvem-se os terrenos de pomar, de um lado e de outro, em cota mais baixa os antigos campos de milho, com bordadura de vinha de enforcado, atualmente com arborizados com oliveiras e cerejeiras bravas. Neste local existe um grande tanque de recolha de água pela gravidade. Atrás da casa encontra-se uma pérgula preenchida por dois exemplares notáveis de glicínia, cobrindo totalmente um pátio, criando uma zona de sombra no verão. O pomar de citrinos, virado a sul, desenvolve-se longitudinalmente nesta zona de trás, com sebes de buxo a percorrer todo o patamar, ladeado por ramadas, constantemente presentes. Num dos lados um grande tanque de granito com lavadouros. No final encontra-se a frondosa mata, zona de fresco da quinta, onde existem dois sequeiros com eiras, uma virada a sul e outra a poente e tanques. Contíguo encontra-se olival, antiga casa de caseiros e um aqueduto em arco que conduz a água por caleiras de granito. Em patamar mais elevado, correndo lateralmente ao pomar encontra-se a piscina da casa, local primitivo de campo de cultivo de produtos hortícolas.

Inventário: Joaquim Gonçalves – abril de 2018.

Casa de Caselhos de Cima

(Consultada em abril de 2018)
STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.] : Civilização Editora, 2000. pp. 166-167
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=17660

Corgo, M 1777