Casa de Piellas

Norte | Cabeceiras de Basto

Casa de Piellas

Quinta localizada a meia encosta, com cerca de 10ha, na proximidade da vila de Cabeceiras de Basto, com vistas para o monte da Senhora da Orada, construída no séc. XVIII e XIX, apesar de ter origens ainda no séc. XVI. No séc. XVIII é profundamente remodelada a mando de António de Carvalho e Almeida, Capitão-mor do Rio Grande do Norte, no Brasil, que casa com a senhora de Piellas, D. Maria Tereza Pereira Rebello Leite. Mas é a partir de 1840, com o casamento de Theodoro de Carvalho e Almeida com D. Justina Praxedes Ferreira Pinto Basto, que surge o magnifico jardim que marca Piellas. D. Justina, tal como a sua irmã D. Emília Ermelinda da Casa do Prado resolveram mandar plantar teixos, buxos e camélias e talha-los de acordo com a tradição da topiária dos jardins ingleses. Aqui trabalharam a geração dos jardineiros formados pelas irmãs Pinto Basto, que deram origem aos chamados “Jardins de Basto”.

Acede-se à quinta por uma alameda descendente de carvalhos centenários, rasgada na rocha, encontrando-se logo no início as ruínas da antiga Casa de Boal, pertencente atualmente à mesma propriedade. A alameda culmina num terreiro com fonte central, de tanque circular com repuxo.

Lateralmente ao terreiro e à casa que se desenvolve em eixo, encontra-se, em quota mais baixa todo o grande patamar criado a mando de D. Justina Pinto Basto, após 1840. Acede-se por portão e escadaria, chegando-se a um extenso jardim formal organizado em canteiros ladeados por pequenas sebes de buxo e dominado por grandes topiárias de camélias, teixos e cedros. No seu interior, hortas, árvores de fruto, relvados com roseiras, rododendros, camélias e azevinho. Num dos topos do jardim encontra-se tanque formando um L ensombrado por rododendros que nascem do muro. Junto a este, portão que conduz à mata da Casa do Boal, outrora campos de cultivo e aos restantes campos, muitos deles transformados actualmente em mata. Neste local encontra-se ainda um grande tanque, rodeado por bambu, com zona ensombrada por exemplares notáveis de buxos centenários, provavelmente contemporâneos da construção do jardim, que rega os imensos campos próximos da ribeira Painzela.

Voltando ao patamar principal do jardim formal, observa-se ao centro, rotunda com imponente caramanchão de camélias topiadas em arcos encimados por bolas. Nos arcos, sobre pedestal poisam estátuas amovíveis, em faiança, representando as estações do ano, que curiosamente só saem quando há visitantes no jardim. A Primavera e o Outono são da Fábrica de Miragaia e o Outono da Fábrica J. Pereira Valente. Infelizmente o Estio já não existe, destruído no passado por um porco em fúria que se refugiou no jardim. 

Convidado pelas estações do ano a visitar e percorrer o idílico jardim, encontra-se lateralmente uma latada de glicínia que percorre todo o patamar dominado por grandes esculturas verdes, atualmente mais geométricas do que no passado quando eram  talhadas em forma de animais fantásticos e aves que encimavam os caramanchões, tudo fruto da imaginação do jardineiro Joaquim Alves Soares, que trabalhou em todas as casas das Terras de Basto e também em propriedades das famílias que ficavam fora da região.

Continuando a visita, no extremo do jardim, junto às antigas construções agrícolas, do sequeiro, eira e casa de caseiros, acede-se a um portão que nos conduz por debaixo de uma alta ramada, à mata, ao local da atual piscina e uma pequena e antiga zona de merendas com mesas e bancos de granito.

MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 619/2013, DR, 2.ª série, n.º 182 de 20 setembro 2013.  

Inventário:  Joaquim Gonçalves – abril de 2018.

Casa de Piellas

Arquivo particular da Casa de Piellas.
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa :Direcção dos Serviços de Urbanização, 1962.
ARAÚJO, Ilídio de - Arte da Jardinagem nas Terras de Basto. In Comunicação lida na "tertúlia" inserida na V Festa Internacional das Camélias. Celorico de Basto : 6 de março de 2008.FERNANDES, M. Francisca O. C. – Camélias ou Japoneiras são o encanto dos Jardins de Basto. Terras de Basto. Ano XIII, nº 248 (30 Mar. 1994), p. 3.
STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.]: Civilização Editora, 2000. pp. 138-139.
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=8731
http://www.patrimoniocultural.gov.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/13893658/

Painzela, Rua de Pielas