Paço de Calheiros
Norte | Ponte de Lima
Paço de Calheiros
A quinta do Paço de Calheiros, outrora Quinta do Pinheiro, situa-se na freguesia de Santa Eufémia de Calheiros (concelho de Ponte de Lima), com ampla vista sobre a vila de Ponte de Lima, envolvida pelos montes de Vieiro, Serra d’Arga, Formigoso, Santo Ovídio e Castelo, e o vale do Lima. Uma lápide existente no portão da entrada informa que o paço se encontra na posse da família Calheiros desde 1450 sendo Diogo Lopes de Calheiros, senhor da casa.
A sua origem está ligada à instituição da Honra de Calheiros, em 1336, concedida por D. Dinis, confirmada por D. Afonso IV a favor de Martim Martins Calheiros. Segundo o Memorial de Calheiros a família provém de Dom Aldias e de sua mulher Dona Gontinha, dos quais precede Martim Martins de Calheiros que obteve de D. Afonso IV a sentença da Honra de Calheiros. D. Aldias e Dona Gontinha foram responsáveis e edifica-dores do Mosteiro de Calheiros. No campo chamado de Salvador apareceram ruínas deste mosteiro que aqui persistiu até 1354, altura em que as religiosas se mudaram para Vitorino das Donas, na margem oposta do rio Lima. O rei D. Sebastião, em 1566, ratificou os direitos e limites da Honra de Calheiros a favor de Diogo Lopes de Calheiros. O edificado de Calheiros iniciou-se com uma torre medieval adossada à capela, demolida no fim do séc. XVII pelo Morgado Francisco Jácome Lopes de Calheiros. O atual edifício desenvolveu-se em ambos os lados da capela dedicada a S. Bento. Os seus detentores receberam em 1890 o título de Condes de Calheiros atribuído a Francisco Lopes de Calheiros e Menezes (1856-1929) deputado e Presidente da Câmara Municipal de Ponte de Lima, avô do atual proprietário, Francisco Silva de Calheiros e Menezes. Ele e seu pai Francisco Lopes de Calheiros e Meneses empreenderam grandes obras de restauro na casa de forma a abrir as suas portas ao turismo de habitação.
O acesso principal é feito por portal enquadrado por bosquete. Na entrada, do doutro lado da estrada, em 2009 foi colocada placa comemorativa ao 1º Conde de Calheiros. O portão abre para uma alameda de notáveis austrálias e magnólias de flor grande, entre sebes de buxo, que culminam no terreiro da casa, com fonte de taça circular e, do lado oposto, junto ao muro uma grande fonte de espaldar. A fachada principal da casa é marcada pela capela e pela escadaria. Posteriormente, uma outra fachada assumindo também ela a duplicidade de principal, enquadrada por duas torres, tipologia frequente na Ribeira Lima, sobre a paisagem do vale do Lima, com jardim formal de buxo e laranjeiras num primeiro patamar. A este sucedem-se dois novos patamares com pérgulas e relvados, iniciativa recente de Francisco Silva de Calheiros e Menezes. Lateralmente, escadas dão acesso aos vários patamares, existindo no intermédio um tanque. Do lado oeste, encontra-se laranjal e olival e, do lado este, socalcos com horta e pomares, com caminhos cobertos por ramadas. Ao fundo em quota mais baixa os campos de vinha. Seguindo o caminho das hortas para nascente chega-se a grande souto de castanheiros com cerca de 30 anos de plantação, aproveitando anteriores socalcos e mantido por gamos. Lateralmente à casa existem galinheiros encostados a muro de suporte cortado por escada que levam ao antigo horto da quinta, hoje com laranjeiras, rematando numa fonte de espaldar com 3 bicas e encimado pelas armas da família. O muro é acompanhado por um caminho coberto por uma ramada que corre nos dois lados da fonte que dá acesso a nascente à mata e a poente a um patamar mais recente onde Francisco Silva de Calheiros e Menezes instalou uma piscina, campo de ténis e um spa. Regressando ao caminho da ramada, passando pelo moinho, por uma pequena escada regressa-se ao terreiro da casa.
A quinta inteiramente armada em socalcos possui um sistema hidráulico com cerca de 3 minas, uma a este da propriedade que conduz a água por caleira para tanque sendo depois distribuída para outros tanques, fontes e o moinho atrás da casa, onde está instalada uma mini-hídrica. Outro tanque recolhe a água de uma outra mina e de uma terceira a água é recolhida para um depósito fechado para consumo. Um ribeiro entra na mata da propriedade e segue até à vinha. Existe ainda leito de plantas alimentado pelo sistema de águas residuais.
Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977.
Inventário: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.
inserido na ROTA DO ALTO MINHO
Paço de Calheiros
(Consultada em outubro de 2018)
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