Paço de Vitorino
Norte | Ponte de Lima
Paço de Vitorino
Quinta com cerca de 4,5 ha com acesso por grande alameda de notáveis carvalhos, so-breiros e plátanos que culmina em largo terreiro junto à capela e ao portal armoriado que fecha o pátio do paço. Localiza-se junto à margem sul do rio Lima, outrora chamada de Quinta do Barco, devido ao direito de portagem na travessia do rio, possuindo vistas amplas sobre este vale. Com referências desde do séc. XVI, na altura havendo duas propriedades distintas, a Quinta do Barco e a Quinta do Paço. A 2 de março de 1568, a Quinta do Paço foi comprada a Vasco Anes Ferreira e sua mulher Maria Álvares pelo capitão António Ramos, que viveu em Cuzco no Perú. Posteriormente foi unida à Quinta do Barco por casamento da filha do capitão com Manuel Abreu Pereira, a quem pertencia o Barco. Em 1580 albergou D. António Prior do Crato, que lhe valeu o estatuto de Paço, tal como aconteceu noutras casas da região. No séc. XVII, o morgado João de Abreu Lima Logier, aristocrata luso-flamengo, segundo alguns autores, reconstruiu o velho paço, mais tarde Gonçalo de Abreu Coutinho, fidalgo da Casa Real e coudel-mor de Viana acabou as novas construções em 1780, unificando-as segundo projeto do engenheiro militar Manuel Pinto de Vilalobos. No final do século XVIII, a capela foi remodelada e construiu-se o jardim com traçado atribuído a Nicolau Nasoni. O Paço foi incendiado durante as lutas liberais pelo seu proprietário Francisco de Abreu Pereira Coutinho ter tomado partido de D. Miguel, o que lhe fez valer durante anos o nome de “Casas Queimadas”. O filho deste veio a tornar-se durante o reinado de D. Carlos I o 1º visconde de Paço de Vitorino.
O conjunto arquitetónico apresenta por um lado a fachada da capela rococó, extremamente ostensiva e exuberante como é próprio do estilo, por outro a casa, com portal, merlões, tudo muito austero, ao gosto maneirista, mas com influências militares, a contrastar novamente com a ligeireza e exuberância da fonte do jardim. Este surge do lado direito da casa, com acesso por portão no muro do pátio, ladeado por fonte de espaldar com caleira no chão, que atravessa todo o pátio, sendo visível o circuito da água por todo o jardim. Oculto pelo muro encontra-se jardim retangular, com duas aberturas nas extremidades que estabelecem a ligação com as áreas agrícolas. Apresenta 18 canteiros simétricos com relvados delimitados por aço corten, com fonte circular com putti, no centro e palmeiras Washingtonias. O seu eixo é marcado por velhas camélias. Nos cantos estátuas representando os continentes. No topo, monumental fonte com estatuária de Neptuno, Diana, e a Preguiça (o Baco foi retirado para o pátio interior da casa, por motivos de conservação) e nicho de Nossa Senhora da Conceição com policromia. Um intricado complexo de caleiras alimenta os dois tanques desta fonte, conduzindo a água às bicas. Junto ao nicho, nos extremos alpendres com zonas de estar formam zonas de fresco. A fonte é alimentada por caleira existente atrás, proveniente da mata, que se bifurca e corre em caleira no muro que separa o jardim do bosque de carvalhos, castanheiros e olival, junto ao parque de estacionamento. Nesta quinta são notórios os espaços murados, para além do jardim, existe ainda o espaço do Jardim das Meninas, do lado oposto da casa, junto aos antigos espaços agrícolas, mais zonas compartimentadas. Neste local, foi construída a piscina, possuindo na proximidade, em ruínas um grande pombal quadrangular.
Os jardins foram já no séc. XXI alvo de uma recuperação, sendo esta intervenção feita no âmbito do projeto EEA Grants financiado pelo EEAGrants (European Economic Area Financial Mechanism) dedicado a intervenções em sistemas hidráulicos, segundo projeto da arquiteta paisagista Marta Malheiro.
Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 (Paço Vitorino).
Inventário: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.
inserido na ROTA DO ALTO MINHO
Paço de Vitorino
(Consultada em outubro de 2018)
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. pp. 76, 177, 181, 182.
GUIA de Portugal: Entre Douro e Minho. II - Minho [S.l.] : Fundação Calouste Gul-benkian, 1996. Vol. 4. p. 1023.
SILVA, António Lambert Pereira da – Nobres Casas de Portugal. Porto : Livraria Tava-res Martins, 1958. Vol. I. p. 183.
STOOP, Anne de; MAYOR, João Paulo Sotto (fotografia) – Arquitetura Senhorial do Minho. [S.l.] : Caminhos Romanos, 2015. pp. 398 - 403.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3612