Cerca do Mosteiro de Sanfins de Friestas

Norte | Valença

Cerca do Mosteiro de Sanfins de Friestas

Antigo mosteiro beneditino no alto de monte a cerca de 200 m de altitude envolto em frondosa mata de carvalhos que contrasta com o resto dos montes despidos. A igreja românica, da primeira fase do românico português apresenta uma grande exuberância ao nível decorativo de cachorros e capitéis. As dependências monacais apresentam características medievais, renascentistas e setecentistas.

De fundação antiga, no ano de 604 já existia, segundo sentença datada de 813 do cartório de Ganfei. No séc. XI é considerado um dos mais ricos do reino de D. Afonso V de Leão. Em 1134 é dada carta de couto por D. Afonso Henriques abrangendo Sanfins, Friestas, Gondomil, Taião e Verdoeijo. No séc. XIV / XV D. João I dá-lhe mais privilégios e o mosteiro passou para o poder dos comendatários. O Infante D. Duarte, filho de D. João III chega a ser comendatário do mosteiro. Em 1545, D. João III deu o couto à Companhia de Jesus para com as rendas fundarem o Colégio de Coimbra. Posteriormente foram feitas grandes obras. Aqui viveu algum tempo São Francisco de Borja (1510 - 1572), terceiro geral da Companhia de Jesus. Em 1759, o Marquês de Pombal expulsou os Jesuítas e a igreja passou a paroquial e o mosteiro e cerca foram vendidos a particulares. À data a quinta ia do colégio até à planície, com terras de milho, pomares e hortas, com água de rega, moinho e mata de castanheiros. Os anos seguintes trouxeram-lhe a ruína e o abandono, até que nos anos 30 do séc. XX, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais decidiu promover o seu restauro, sendo os trabalhos dirigidos pelo arquiteto Baltazar de Castro.

Ao chegar ao mosteiro, completamente isolado, avista-se em local alto, do lado esquerdo um cemitério. Segue-se o caminho ao longo do muro da cerca ladeado por carvalhos e por uma porta aberta na cerca entra-se num amplo terreiro. Na entrada um monumental aqueduto setecentista em cantaria de granito, que tem cerca de 500 m, e vai até à igreja, em plano elevado com acesso por escada. A norte, separadas, em ruínas encontram-se as dependências monacais, com claustro e demais construções anexas, dispostas em encosta.

Ainda é perfeitamente visível a cerca, com armação dos campos em socalcos acompanhando o declive do terreno, conservando-se ainda uma fonte de mergulho e um moinho. Por um caminho sobe-se em direção ao alto de um monte onde se encontra uma pequena capela com ampla vista panorâmica sobre o vale do rio Minho, existindo a meio do percurso uma eira. Vários espaços compartimentados surgem junto ao mosteiro, provavelmente originalmente usados como hortas e pomares, onde hoje existem vários exemplares de monumentais freixos, falsos plátanos, oliveiras, carvalhos e sobreiros. O mosteiro encontra-se em avançado estado de degradação embora este estado lhe confira uma ambiência única. É um dos monumentos inscritos no programa REVIVE.

Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (trechos da igreja) / Decreto nº 14 425, DG, 1.ª série, n.º 228 de 15 outubro 1927 (igreja).

Inventário: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.

inserido na ROTA DO ALTO MINHO

Cerca do Mosteiro de Sanfins de Friestas

(Consultada em outubro de 2018)
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3619

EM 1048, Friestas