Cerca do Convento de São Paio
Norte | Vila Nova de Cerveira
Cerca do Convento de São Paio
Convento situado no alto do Monte da Pena, numa serra coberta por grandes penedos, de onde se desfruta uma magnífica paisagem sobre Caminha, Vila Nova de Cerveira, o rio Minho e a sua margem direita, já na Galiza. O percurso até ao convento é pontuado por miradouros como a estátua e miradouro do Cervo (da autoria do escultor José Rodrigues), sobre Vila Nova de Cerveira, com vista panorâmica sobre toda a foz do rio Minho ou o Santuário de Nossa Senhora da Encarnação, associado a uma presença antiga de um ermitão e de uma imagem que aí terá aparecido, com uma pequena capela, parque de merendas e a presença de distintos carvalhos no meio de grandes penedos e também um singular miradouro sobre o vale do Minho.
De origens medievais, o convento foi fundado em 1392 por Frei Gonçalo Marinho, um frade galego que aqui quis implantar uma comunidade de franciscanos observantes, num local onde já havia uma ermida dedicada a S. Paio. Devido ao isolamento o convento foi sendo abandonado e caiu em ruína em finais do séc. XVII. No séc. seguinte e sofreu obras de remodelação, no entanto, em 1834, com a Extinção das Ordens Religiosas foi vendido em hasta pública e caiu de novo na ruína e abandono, até ser comprado pelo escultor José Rodrigues (1936-2016). Entre a aridez da serra, o convento surge no meio de uma mata onde predominam carvalhos, eucaliptos, pinheiros, castanheiros e azevinhos e sobressaem a igreja, com torre sineira parcialmente arruinada e as dependências monacais, hoje museu e Hotel Convento de Sanpayo.
O lugar exerceu forte impressão no escultor e levou-o a comprar o convento na década de 1970. Entra-se por um portão e o caminho conduz ao terreiro da igreja. A receção é feita na igreja, junto à torre sineira, sendo-se conduzido ao claustro por onde se acede às galerias do museu, incluindo a da igreja que alberga uma exposição de arte sacra, coleção do escultor José Rodrigues e as demais galerias com obras do escultor tão diversas como desenhos ou barros. Ao lado da igreja, existe um muro com uma porta que dá acesso ao espaço dedicado ao alojamento com piscina, uma pequena capela à esquerda, árvores de fruta e campos em socalcos onde pastam ovelha. O claustro também tem ligação com o espaço das alas destinadas ao alojamento. A partir do terreio da igreja acede-se a uma sucessão de jardins de esculturas de José Rodrigues, ora sobre um plano promontório/ miradouro ora nas encostas orientada para a cabana, para os lagos e para a mata. Todo o espaço é assim um palco de obras do escultor José Rodrigues e um ponto de vista deslumbrante sobre o vale do Minho.
Jardins de Memória
“Em todas as cosmogonias, mitológicas e religiosas, o jardim ocupa um papel relevante. Na sua representação mental. Os jardins cabem no mundo, mas, paralelamente, são a imagem desse mundo, o simulacro do paraíso ... Para lá da memória da natureza, os jardins de José Rodrigues são também memória arquitetónica e, nestes dois momentos, de modelação formal e de construção elementar, articulam.se dois modos de encarar a escultura. Esta fábrica de jardins assenta na ideia de centro e de pontos concêntricos, faz-se imagem miniatura do mundo e constitui o laço mais íntimo entre a terra, o corpo e o universo. Perde-se a visão da obra para se chegar à visão do cosmos.”
Laura Casto, 2004
Inventário: Joaquim Gonçalves - outubro de 2018.
inserido na ROTA DO ALTO MINHO
Cerca do Convento de São Paio
(Consultada em outubro de 2018)
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=15446
https://www.conventosanpayo.com