Casa das Fidalgas de Santar

Centro | Nelas

Casa das Fidalgas de Santar

A quinta com cerca de 3 ha encontra-se inserida no projeto Santar-Vila-Jardim, do arquiteto Fernando Caruncho, que liga e permite a visita a diversos jardins históricos do centro da vila. Situada junto à Casa de Santar, o acesso é feito por um largo com uma imponente fonte barroca, de 1789, conhecida como Fonte da Torre, aliás a toponímia Torre sugere que a casa terá sido construída no lugar de uma antiga torre medieval senhorial. A configuração irregular da casa, de grande extensão, envolve o largo, colocando de um lado a casa principal e de outro as antigas cavalariças e casa dos Bois, adega e armazém, aliás a casa sem grande aparato caracteriza-se pela forte componente agrícola, espelhada nos terrenos da quinta.

Mandada construir no séc. XVII por Domingos de Sampaio do Amaral por ocasião do casamento de sua filha D. Joana de Sampaio, terá passado de geração em geração até que é doada em 1975 à Casa de Bragança, atualmente residência oficial do Duque de Viseu, D. Miguel de Bragança.

O visitante, passando os portões virados ao largo da fonte, encontra um grande terreiro, que liga longitudinalmente, a oeste, a uma enorme alameda com exemplares notáveis de carvalhos americanos, liquidâmbares, castanheiros da índia, cedros, freixos, falso plátanos e oliveiras. O terreiro conduz ainda o visitante, para o lado esquerdo à zona de jardins, horta e pomares, desenvolvida lateralmente à casa principal, em terreno de suave declive, com arruamentos de buxo talhado, as chamadas 'carreiras’, a ladear os campos destinados a hortas e pomar. O jardim desenvolve-se em patamares, com acessos por escadas nos muros, marcado por grande arruamento, coberto parcialmente por pérgula de roseiras, que passa junto a dois grandes tanques, cuja água desce por gravidade. Curiosamente a horta mistura-se com o jardim, com exemplares notáveis de camélias e magnólia-de-flores-grandes no patamar superior, horta no intermédio e finalmente junto à casa corrida por grande varanda alpendrada, surge um jardim formal com lago central e canteiros de buxo, pontuado por diversos arbustos e flores de estação. Em quota mais baixa surge no seguimento do jardim zonas intensas de sombra, dadas por um pequeno bosquete de tílias e choupos. Um pomar de cerejeiras e nogueiras mistura-se junto à zona da horta, sempre com carreiras de buxo a delimitar as quadras.

Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002.

Inventário: Joaquim Gonçalves – Junho de 2018

inserido na ROTA DO DÃO

Casa das Fidalgas de Santar

(Consultada em junho de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. p. 218.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins com História: Poesia atrás de muros. [S.l.]: Edições Inapa, 2002. p. 163.
EUZÉBIO, Maria de Fátima, MARQUES, Jorge Adolfo M. – Arqueologia e Arte no Concelho de Nelas : Câmara Municipal de Nelas, 2005.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. I.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=3710

Largo da Torre, junto à EN 231-2, Santar