Casa dos Condes de Santar e Magalhães

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Casa dos Condes de Santar e Magalhães

A Casa dos Condes de Santar e Magalhães remonta ao séc. XVI, com o morgadio instituído na altura. Possui várias fases distintas de construção, a primeira mais antiga iniciada por João Gonçalves do Amaral, seguindo-se outras fases ao longo do séc. XVII, nomeadamente a capela e a cozinha velha, e do séc. XVIII, a grande varanda / loggia voltada ao jardim, tal como vários painéis de azulejos figurativos existentes no jardim, na varanda e fachadas da casa.

O jardim, possivelmente de influência italiana, datado do final do séc. XVII / XVIII, com grandes intervenções no séc. XIX e XX, encontra-se a sul, junto à fachada posterior da casa, e possui mais de 1,5 ha dentro de muros. A sul do jardim, fora de muros, encontram-se os extensos campos de vinha que foram também olivais. O acesso ao jardim é feito por portal armoriado, junto á fachada lateral da casa, próximo da igreja da Misericórdia, ladeado por grande mirante coberto por estrutura de ferro. Uma vez dentro do jardim, tem-se à esquerda um mirante coberto por estrutura de ferro a revestir por trepadeiras e depara-se com a extensa fachada com varanda aberta sobre o jardim.

O jardim divide-se em cinco patamares, em terreno de suave declive, os primeiros quatro atravessados por um eixo central e divididos em duas grandes quadras. Todos eles são intensamente delimitados e ornamentados por canteiros de buxo talhado, pontuados por grandes topiárias em pirâmide e estatuária, com origem francesa atribuída, do séc. XIX. Junto à cozinha velha encontra-se uma fonte barroca com nicho, revestida a azulejos monocromos a azul, de 1700, atribuídos a Gabriel Del Barco. No segundo patamar, separado por alameda de camélias com hidrângeas, encontra-se a piscina e relvados. O terceiro possui canteiros com roseirais e, a delimitá-lo, muro com conversadeiras e alegretes. A oeste, um outro mirante com mesa redonda e coberto por estrutura de ferro. Próximo deste mirante, encontra-se o novo acesso criado no âmbito do projeto Santar Vila Jardim materializado numa escada de madeira que vence o desnível entre os dois jardins e nos leva ao jardim da Casa das Magnólias. Em quota mais baixa, com acesso por escada encontra-se o quarto patamar com quadras preenchidas por vinha delimitadas por buxos talhados e que termina numa balaustrada, dando acesso ao quinto patamar com um grande lago elíptico rodeado por bosquete de exemplares notáveis de castanheiros da índia, plátanos, tílias, rododendros e liquidâmbares. Lateralmente surge um terreiro, separando a zona das adegas, com a chamada Fonte dos Cavalos, com a data de 1790, mandada construir por Francisco Lucas de Melo, revestida a azulejos de José Maria Pereira Cão (princípio do seculo XX), que apresenta quatro painéis representando cavaleiros com os costados da família de Santar. Estes painéis terão sido mandados fazer por Pedro Paulo de Melo de Figueiredo Pais do Amaral, 2º Conde de Santar, que terá contribuído significativamente para a remodelação do jardim, mediante a introdução de muitas árvores, arbustos e roseiras.

A norte da casa, fronteiro a esta, encontra-se um pequeno jardim de buxo, chamado de Linhares em quota elevada relativamente à rua, com a Fonte da Carranca adossada ao muro exterior. Este jardim com acesso por pequeno portão possui canteiros de buxo com quatro quadras separadas por caminhos e preenchidos por laranjeiras e roseiras. Inicialmente possuía um pomar e hortas da Casa dos Condes de Santar e Magalhães. Atualmente integrado no projeto Santar Vila Jardim está ligado ao jardim da Casa Ibérico Nogueira, por uma grande pérgula em ferro e granito revestida a trepadeiras projetada por Fernando Caruncho.

Inventário: Joaquim Gonçalves – Junho de 2018

inserido na ROTA DO DÃO

Casa dos Condes de Santar e Magalhães

(Consultada em junho de 2018)
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CARITA, Hélder ; CARDOSO, António Homem – Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal : ou da originalidade e desaires desta arte. [S. l.] : Edição dos Autores, 1987. pp. 257, 260, 274-277.
CASTEL-BRANCO, Cristina – Jardins com História: Poesia atrás de muros. [S.l.]: Edições Inapa, 2002. pp. 98-101.
EUZÉBIO, Maria de Fátima, MARQUES, Jorge Adolfo M. – Arqueologia e Arte no Concelho de Nelas : Câmara Municipal de Nelas, 2005.
LEVANTAMENTO E AVALIAÇÃO de Jardins Históricos para Turismo. Lisboa: Centro de Ecologia Aplicada Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia. Abril de 1998. Vol. I.
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SOUSA, José Luís Vasconcelos e - História do Jardim da Casa dos Condes de Santar, também conhecido por Jardim da Casa de Santar. Lisboa: Disciplina de História dos Jardins, Pós-Graduação em Jardins e Paisagem, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade Nova de Lisboa, Dezembro de 2014.
http://www.monumentos.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=3711
http://europeangardens.eu/inventories/pt/ead.html?id=PTIEJP_Centro&c=PTIEJP_Centro_J34&qid=sdx_q11

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