Quintal do Forno / Solar da Família Caldeira Cabral

Quinta com solar do século XVIII, em pleno centro da povoação de Paços da Serra, onde viveu no séc. XIX, o político e escritor António Ribeiro Saraiva. Em terreno plano, com casa principal e várias casas beirãs adossadas transformadas para turismo, o jardim desenvolve-se atrás, em extensa zona, bastante remodelada no séc. XX, com quadras de buxo preenchidas por roseiral e pontuadas por algumas camélias e olival. Em frente, do outro lado da rua, existe o Quintal do Forno, fechado por alto muro e com acesso fronteiro ao solar, com cerca de 1500 m2 e terrenos da antiga quinta com cerca de 1,5 ha.

A propriedade, na povoação de Paços da Serra, atualmente dividida pelos vários herdeiros da Família Caldeira Cabral remonta a 1603, altura em que foram construídas as primeiras casas. No século XVIII, as propriedades foram administradas por Manuel Marques Tueiro e, mais tarde, pelo seu genro António Cabral Soares de Albergaria, da Quinta da Cerca, em Mangualde. António Cabral Soares de Albergaria e sua mulher Maria Gertrudes Marques terão vivido nas chamadas casas velhas. Em 1850 mandaram construir o solar do Oitão e, mais tarde, em 1886, o filho Manuel Cabral Soares de Albergaria aí ficou a morar e mandou melhorar o quintal, fronteiro à casa, o chamado Quintal do Forno, comprando no Porto diversas espécies exóticas, em voga na altura. Segundo documentação da família, algumas foram compradas, entre 1886 e 1910 a José Marques Loureiro, da Real Companhia Horticola-Agrícola Portuense e a Alfredo Moreira da Silva. Após a morte de António Cabral, herdou a propriedade o seu bisneto Francisco Caldeira Cabral, o primeiro arquiteto paisagista português. Aqui nos terrenos da antiga quinta, instalou um viveiro. O Quintal do Forno ainda mantém muitas das espécies trazidas por Manuel Cabral, tal como o traçado do jardim, numa perspetiva colecionista, com algumas introduções e remodelações feitas por Francisco Caldeira Cabral. Ao entrar neste “jardim secreto” deparamo-nos com uma grande profusão de exemplares notáveis de camélias, rododendros, azáleas, lagerstroemias, uma oliveira de cheiro trazidos por Manuel Cabral e alguns exemplares já introduzidos por Francisco Caldeira. Existe ainda uma pequena zona, do lado direito com sebes de buxo que rodeavam uma fonte, atualmente enterrada.

Inventário: Joaquim Gonçalves – junho de 2018