Cerca do Mosteiro de São Cristóvão de Lafões
Centro | São Pedro do Sul
Cerca do Mosteiro de São Cristóvão de Lafões
O Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões dista cerca de 10 km de São Pedro do Sul, próximo da aldeia de Santa Cruz de Trapa, na Serra da Gralheira. Está implantado no flanco de uma elevação particularmente inclinada em cuja parte inferior corre o rio Varoso. Surpreende ainda hoje pelo seu isolamento.
A sua fundação é muito antiga, datando de 1138/1140. Foi um convento muito rico em propriedades e possuidor de um valioso cartório que terá sido destruído. Começou por ser da ordem beneditina, apenas por um breve período de tempo, tendo os monges depois aderido à ordem de Cister. Foi fundado na segunda década do século XII por D. João Peculiar (1100? –1175), que veio a ser Bispo do Porto e, posteriormente, Arcebispo de Braga, e pessoa próxima de D. Afonso Henriques tendo realizado diversas viagens diplomáticas ao papa. Frei João Cerita terá sido o primeiro abade de São Cristóvão de Lafões e ai está enterrado. A sua história enquanto mosteiro ao longo de sete séculos é marcada ora por períodos de riqueza ora de decadência tendo os primeiros séculos sido prósperos seguidos de uma fase decadente sabendo-se que em 1532 já era notório esse estado. Foi em 1567 que por bula do papa Pio V, os mosteiros cistercienses portugueses foram unidos em Congregação constituindo Alcobaça cabeça da Ordem. Em meados do século XVII deu-se início à reconstrução do mosteiro que se prolongou por mais de um século. A igreja foi reedificada pela terceira vez, em 1704, após um incêndio. D. João V conferiu-lhe o direito ao título de Real Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões. É considerado um dos exemplos mais importantes da arquitetura da ordem em Portugal. Em 1721 residia no mosteiro um monge 'douto em matérias de arquitetura’, Frei Alexandre Pereira, talvez responsável pela construção do edifício. Em 1762, trabalhava no mosteiro António da Cunha, pedreiro minhoto com outros oficiais minhotos. As obras do mosteiro ainda estavam inacabadas aquando da extinção das ordens religiosas em 1834 tendo sido vendido em hasta pública e deixado ao abandono. Na década de 1980, o médico Walter Osswald adquiriu a zona conventual e segundo projeto de sua filha Margarida Osswald deu-se início à sua recuperação sendo hoje um turismo de habitação onde, desde 2004, se privilegia um ambiente de tranquilidade e conforto.
Quando se chega ao mosteiro, deparamo-nos com a igreja – a igreja matriz da paróquia de São Cristóvão de Lafões – com a sua fachada maneirista, localizada num patamar inferior tendo na sua frente um cemitério com capelas, rodeado por grade. O aceso ao mosteiro faz-se pelo lado direito da igreja onde um portão nos conduz ao seu interior sendo-se recebido por um tanque onde corre água, adossado à rocha no lado direito. Do lado esquerdo tem-se acesso à unidade conventual de planta conventual, organizada em torno de um claustro assente em arcaria de volta inteira, e suportada por um gigantesco muro de suporte que se ergue sobre a alcantilada encosta. À direita, em antigas instalações rurais, encontram-se hoje algumas das dependências destinadas ao turismo. Encostada ao muro de suporte existe uma longa escada que nos conduz, encosta abaixo, ao encontro do rio seguindo vários percursos sob uma densa mata de carvalhos, medronheiros, loureiros, aveleiras ... É impressionante a vista ascendente em direção ao mosteiro com a sua imensa fachada e extensa fenestração.
Para além da cerca do mosteiro, integrados na sua Zona Especial de Proteção e com uma íntima ligação a esta, existem a capela de Nossa Senhora da Boa Morte, o largo das Armas Reais, o cruzeiro, o aqueduto das Águas Reais, a fonte dos Frades e a mãe-d’água. O aqueduto é notável, todo em cantaria de granito, com cerca de 100m, estando parte assente sobre muro e, nas zonas de maior desnível, ele apresenta-se como uma estrutura em vão porticado.
Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 399/2010, DR, 2.ª série, n.º 113 de 14 junho 2010
Inventário: Teresa Andresen - outubro de 2019
inserido na ROTA DO DÃO
Cerca do Mosteiro de São Cristóvão de Lafões
(consultada em outubro de 2019)
ALVES, Alexandre, O Real Mosteiro de S. Cristóvão de Lafões (S. Pedro do Sul), Viseu, 1995
Guia de Portugal,
Leal, PInho
https://digitarq.advis.arquivos.pt/details?id=1052530
http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=7241 http://www.monumentos.gov.pt/Site/APP_PagesUser/SIPA.aspx?id=33912