Jardins do Castelo de Guimarães

Norte | Guimarães

Jardins do Castelo de Guimarães

Área urbana de jardim público com cerca de 8 ha, compreendendo a zona do Campo de São Mamede, com a Igreja de São Dâmaso de um lado e o Castelo de Guimarães no outro na zona mais alta sobre grandes rochedos, o Paço dos Duques de Bragança, a Igreja de São Miguel do Castelo, onde segundo a lenda foi batizado D. Afonso Henriques, descendo até ao Jardim do Carmo, em frente ao convento do mesmo nome, tudo em terreno em declive.

Esta área projetada em 1957 pelo arquiteto paisagista António Viana Barreto envolve o núcleo mais emblemático de Guimarães, intimamente ligado à fundação da Nacionalidade, nomeadamente porque no castelo nasceu o primeiro rei de Portugal em 1111 e no Campo de São Mamede, em 1128 deu-se a batalha de São Mamede que opôs a fação de D. Afonso Henriques à de sua mãe a Condessa D. Teresa unida ao Conde galego Fernão Peres de Távora. No entanto, a história desta zona recua ainda mais no tempo às origens do Condado Portucalense, onde na segunda metade do século X por morte do Conde Hermenegildo Gonçalves a propriedade de Vimaranes, hoje Guimarães, passa para a sua filha Oneca. A sua mãe, a Condessa Mumadona Dias trocou com a filha a propriedade de Creiximir, atual Veiga de Creixomil, com a de Vimaranes, mandando construir o castelo, para defesa de um mosteiro que havia mandado construir, hoje correspondente à Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira. No final do séc. XI o castelo foi ampliado para se tornar residência dos Condes D. Henrique e D. Teresa. Em 1111 nasceu D. Afonso Henriques, crescendo e vivendo no castelo. Séculos depois, em finais do séc. XIII, XIV, D. Dinis mandou novamente remodelar o castelo, resultando no que hoje existe.

A sul encontra-se o Paço dos Duques de Bragança, com origens no século XV, mais propriamente em 1420 em data associada às cláusulas do contrato do segundo casamento entre o Conde de Barcelos, filho bastardo de D. João I, e D. Constança de Noronha. O paço chega ao século XX bastante arruinado, existindo praticamente o primeiro piso, onde estava instalado um quartel. Em 1937 deu-se início às obras de reconstrução segundo projeto de Rogério de Azevedo, segundo os restauros usados na época do Estado Novo, autênticos revivalismos inspirados nos do século. XIX. Chegou a haver uma visita de vários arquitetos da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais a França aos castelos do vale do Loire para se inspirarem para reconstruir o Paço dos Duques. Lateralmente ao Paço encontra-se pequena capela alpendrada, designada de Santa Cruz construída em 1639.

A poente do castelo encontra-se o antigo Convento de Santo António dos Capuchos construído na segunda metade do século XVII, transformado em hospital após a extinção das Ordens Religiosas, pela Santa Casa da Misericórdia que o comprou em hasta pública em 1842. O jardim que envolve o castelo, a igreja e o paço é percorrido por caminhos de terra batida e calcetados com exemplares de notáveis carvalhos, castanheiros da índia, sobreiros, oliveiras, ciprestes e mais propriamente junto ao Paço Ducal, camélias, magnólias de grande flor e plátanos. Existem ainda zonas de sombra com mesas e bancos.

O campo de São Mamede é em terra batida e ladeado por grandes plátanos. Já o jardim do Carmo, em declive mais acentuado, apresenta forma triangular, começando no ponto mais baixo por plinto art deco com o busto de Martins Sarmento (1833-1869) o distinto escritor e arqueólogo vimaranense intimamente associado ao estudo e conservação das citânias de Briteiros e Sabroso, do escultor António Ferreira de Azevedo (1889-1968). O declive vencido por escadas e largos patamares, com olaias, tílias e cedros. Os canteiros de buxo são preenchidos por relvados e azáleas. À esquerda de quem desce, encontra-se o Convento do Carmo, iniciado em 1685 e dedicado a Santa Teresa. Uma bula papal (c. 1704) permitiu a transferência para as carmelitas e passou a ser dedicado a São José. Depois da morte da última monja em 1854, o convento converteu-se em propriedade do estado e hoje é Lar de D. Estefânia. Daqui parte a Rua de Santa Maria que liga ao centro histórico, na parte baixa.

Monumento Nacional, Decreto 27-08-1908, DG, n.º 199 de 05 setembro 1908 / Decreto 16-06-1910, DG, n.º 136 de 23 junho 1910 (Castelo de Guimarães)
Monumento Nacional, Decreto 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (Igreja de São Miguel do Castelo e Paço dos Duques de Bragança)
ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 170 de 23 julho 1955
Incluído na Zona Especial de Proteção do Centro Histórico de Guimarães, Património Mundial.

Inventário: Joaquim Gonçalves e Teresa Andresen – maio de 2019.

Jardins do Castelo de Guimarães

(Consultada em maio de 2018)
ARAÚJO, Ilídio de – Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal. Lisboa : Centro de Estudos de Urbanismo, 1962. pp. 40,54, 103, 122-124.
AZEVEDO, Carlos – Solares Portugueses: Introdução ao Estudo da Casa Nobre. 1ª ed. Lisboa : Livros Horizonte, 1969. pp. 31, 134.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=30044.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=1139.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=1060.
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=1248.
https://www.cm-guimaraes.pt/cmguimaraes/uploads/document/file/3720/18637.pdf.
https://www.cm-guimaraes.pt/cmguimaraes/uploads/document/file/3806/18638.pdf
https://www.unescoportugal.mne.pt/pt/temas/proteger-o-nosso-patrimonio-e-promover-a-criatividade/patrimonio-mundial-em-portugal/centro-historico-de-guimaraes
https://whc.unesco.org/en/list/1031

Caminho do Castelo, Monte Latito ou Falperra