Casa de Margaride / Villa Margaridi
Norte | Guimarães
Casa de Margaride / Villa Margaridi
Pequena quinta com cerca de 4 ha, outrora de grandes dimensões, situada na freguesia de São Romão de Mesão Frio, em plena mancha urbana de Guimarães. Hoje é essencialmente constituída por bosque por onde se acede, com a casa a sul, precedida por terreiro. Lateralmente, encontram-se três patamares em socalco, o primeiro com antigas casas de caseiro convertidas para turismo, o segundo com jardim formal, cujo acesso principal se faz por portão virado ao terreiro e, o terceiro, em patamar mais baixo um roseiral e laranjeiras. Em socalco, voltados a sudeste encontram-se as vinhas e campos de cultivo pertencentes à quinta e, a sul, o “Parque da Cidade” construído em terrenos que, outrora, faziam parte da Quinta. Possui amplas vistas sobre a montanha da Penha e sobre o Mosteiro de Santa Marinha da Costa.
A primeira senhora de que há notícia da quinta de Margaride foi a notável e poderosa condessa Mumadona Dias (séc. X), fundadora do Mosteiro de Santa Maria de Guimarães, que a legou a Sesita e a sua filha Bronili, religiosas professas. A 14 de junho de 1021 esta última vendeu a sua "villa margaridi" a Idila e sua esposa Astileova. Idila, a seu tempo, conjuntamente com as suas filhas Bronili e Felícia, vendeu-a, a 9 de fevereiro de 1044, a Dona Elsinda, também religiosa professa. Em 1059, Fernando I de Leão, em seu inventário de propriedades e igrejas em Guimarães, ao tratar desta paróquia menciona apenas a igreja de São Romão de Mesão Frio e a quinta de Margaride.
Séculos mais tarde, por doação de 18 de maio de 1314, a quintã de Margaride transita para a posse do Cabido da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães. Este fato determinará que, a partir de 7 de novembro de 1423, esta propriedade passe a beneficiar do importante "Privilégio das Tábuas Vermelhas", concedido nessa data pelo rei D. João I, à Colegiada de Guimarães.
Ao longo dos séculos sucederam-se os emprazamentos até que, em meados do século XVII, o domínio da quinta de Margaride recai na família dos condes de Margaride em cuja descendência se conserva até aos nossos dias.
A primeira descrição da Casa, que data de 1507, refere: “Casa torre, telhada, com três portas de arco” sendo certo que, entre 1644 e 1678, o jardim, o tanque com fonte de água corrente e seus muros maneiristas, bem como a varanda de sete fenestrações, foram construídos por Domingos Anes da Guerra. Também seu neto, Domingos José Cardoso de Macedo (1733-1796), antes de ir viver para a então Vila de Guimarães, produziu importantes benfeitorias na casa, no oratório e no jardim.
Durante cerca de um século nenhum dos donos da Casa de Margaride lá viveu, até que em 1890 o 2º conde de Margaride (1868-1933) decide ir para morar, realizando grandes obras, que incluíram o desaparecimento do segundo piso da torre medieval resultando no que hoje em dia existe, uma casa de planta em U, armoriada, composta por vários volumes, cujas intervenções são visíveis.
No terreiro da casa encontra-se um grande tanque e um cruzeiro, proveniente do desaparecido Recolhimento do Anjo, em Guimarães. O jardim, no patamar intermédio, é de fundação antiga, apresentando três áreas distintas, as duas primeiras separadas por muro antigo com alegretes e vestígios de azulejos de padrão do séc. XVII. Na primeira área o jardim formal é dominado pelas altas topiárias geométricas em azevinhos, camélias e teixos. Os canteiros apresentam plantas anuais. Ao centro, em eixo, encontra-se uma fonte de tanque hexagonal. A área intermédia apresenta canteiros guarnecidos com gardénias, mais camélias talhadas e um grande e alto caramanchão de notável camélia formando uma impressiva casa de fresco equipada com sua mesa e banco em pedra lavrada. É rodeado por altas sebes de buxo que conduz à área do extremo do jardim, que hoje tem uma piscina e relvado.
Encontra-se em fase de apreciação, no Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, a classificação de diversas árvores aqui existentes.
Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-FI/2012, DR, 2.ª série, n.º 252 de 31 dezembro 2012.
Interesse público de um conjunto arbóreo e três exemplares isolados no Jardim, Despacho nº 837/2022 de 20 de janeiro de 2022.
Inventário: Joaquim Gonçalves – maio de 2019.
Casa de Margaride / Villa Margaridi
(Consultada em maio de 2018)
http://www.monumentos.gov.pt/site/app_pagesuser/SIPA.aspx?id=100