Santuário de Nossa Senhora de Porto de Ave

Santuário implantado na margem direita do rio Ave, a cerca de 5 quilómetros da vila da Póvoa de Lanhoso, com escadório ascendente, iniciando o percurso na igreja.

Com origens no séc. XVIII, em 1730 o mestre-escola Francisco de Magalhães Machado mandou edificar no local um oratório de culto à Virgem para colocar a imagem de Nossa Senhora do Rosário retirada da igreja paroquial, que estava na sacristia em muito mau estado e mandada enterrar pelo padre visitador. Parte da capela foi construída à custa de dinheiro enviado do Brasil por alguns dos seus alunos que haviam emigrado. O Arcebispo de Braga, D. José de Bragança, mandou ampliar o santuário que já tinha grande romaria em 1744, rivalizando com a do Bom Jesus do Monte, em Braga. As obras de construção da igreja, escadório e capelas da Paixão de Cristo, iniciaram-se em 1746. Junto à igreja, em 1865, foi construída a Capela de Santa Ana e uma hospedaria. O santuário foi elevado à categoria de Santuário Real em 1874.

O percurso tem início no ponto mais baixo, na igreja de duas torres e grande zimbório, e na capela de Santa Ana (1865), onde começa o escadório, dividido em duas partes. A primeira com patamar intermédio com pequeno jardim formal de buxo e fonte com putto e pelicano. A separar da segunda parte do escadório grande largo, conhecido como o Terreiro das Músicas, ladeado por edifícios de apoio aos romeiros, a secretaria da Irmandade e a casa do Capelão, tendo nos cunhais as armas do Arcebispo D. José de Bragança. A segunda parte do escadório em ziguezague, apresenta no final dos dois primeiros lanços uma capela-oratório com baldaquino e as imagens de Cristo e São Francisco. Por entre o escadório aparecem as várias capelas da Virgem todas de planta hexagonal e cúpula piramidal, com vários patamares, no primeiro um tritão a jorrar água para um tanque, mais acima sobre muro as estátuas de David, Santana, a Virgem, o anjo Gabriel, São Zacarias e São Simão, culminando no alto numa capela em recinto murado com acesso por portões rodeado por notáveis, abetos e plátanos, com fonte central com taça rodeada de camélias. As várias fontes de espaldar do escadório aproximam-se do risco do conhecido bracarense arquiteto do barroco e rococó português André Soares (1720-1769).

As capelas da Virgem representam, no sentido ascendente, a Anunciação, a Visitação, a Natividade, a Circuncisão, a Adoração dos Reis Magos, a Apresentação de Jesus no Templo, a Fuga para o Egipto e a última Jesus entre os Doutores. Nesta segunda parte do escadório encontram-se exemplares notáveis carvalhos e pinheiros. A romaria ao santuário ocorre no dia 8 de setembro, dia da Virgem.

Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 507/2018, DR, 2.ª série, n.º 190/2018 de 02 outubro 2018

Inventário: Joaquim Gonçalves – maio de 2019.