Casa de Vicente

Norte | Póvoa de Lanhoso

Casa de Vicente

Quinta com cerca de 2,5 ha composta por casa armoriada com capela, dependências agrícolas, jardim desenvolvido atrás da casa e campos para pasto de cavalos, criados na quinta. Em frente à casa encontra-se uma outra antiga, recuperada, também da mesma família, conhecida como Casa de Requeixo que foi transformada para receber turismo.

As suas origens remontam ao séc. XVI, altura em que a quinta pertenceu a Vicente Gil, que terá dado nome à casa, armador flamengo, havendo relatos de muitas das suas viagens na carreira das Índias. A família implantou-se na região sabendo-se que a neta de Vicente Gil, D. Vicenta Isabel Gil de Brito casou com um homem “rico e honrado” chamado Gonçalo Francisco Vieira. No séc. XVII foi instituído o vínculo da Casa de Vicente pelos irmãos Pe. António Vieira e Brito e João Vieira e Brito. Em 1751 foi fundada a capela dedicada a Santo António. Foi Senhora desta casa D. Senhorinha Vieira e Brito que casou com Domingos de Barros Teixeira da Motta, deputado da Nação e figura ostensiva que terá inspirado a personagem principal do livro a Queda de um Anjo, de Camilo Castelo Branco. Na posse da família desde sempre foi herdada pelo filho José de Barros Teixeira da Motta que a deixou em testamento ao seu neto e afilhado do mesmo nome, que quando casou, mandou restaurar a casa, na altura usada pelos caseiros, e remodelar o jardim (anos 30 do séc. XX).

Pelo portal da casa com grande pedra de armas, acede-se à parte privada da casa onde surge pequeno terreiro que abre para a escadaria principal e para o jardim, desenvolvido longitudinalmente ao longo de toda a fachada. Trata-se essencialmente de um jardim formal, com camélias, algumas talhadas em arco, inicialmente à moda dos “Jardins de Basto” (pois a família era de Celorico de Basto, do Solar da Cruz e o jardineiro o mesmo), canteiros geométricos de buxo preenchidos por roseiral e lírios. Alguns elementos encontram-se no jardim como mesas de pedra e no extremo um notável rododendro rodeado por camélias formando casa de fresco. Os caminhos são cobertos por latadas de roseiras. A poente do jardim, encontra-se a zona da horta e pomar em quadras de buxo, seguindo-se os campos de pasto, em tempos separados por camélias podadas em arco servindo de janelas, retiradas pela família há uns anos.

Junto às dependências agrícolas, precedendo pátio secundário de acesso à cozinha, encontra-se uma notável oliveira centenária. As dependências agrícolas são compostas por eira, espigueiros, sequeiro e galinheiros.

Inventário: Joaquim Gonçalves – maio de 2019.

Casa de Vicente

(Consultada em maio de 2018)
STOOP, Anne de – Palácios e Casas Senhoriais do Minho. 2ª ed.[S.l.] : Civilização Editora, 2000. pp. 221-225.

Frades, EM1366